10 filmes russos que ganharam prêmios em Cannes
A Grande Virada (1945)
O primeiro Festival de Cannes foi inaugurado pelo documentário soviético “Berlim”, uma crônica dos últimos dias da guerra. Não houve um vencedor único no festival do pós-guerra – 11 produções conquistaram o Grande Prêmio ao mesmo tempo. Entre elas estava “A Grande Virada”, de Friedrich Ermler, sobre os comandantes militares envolvidos na Batalha de Stalingrado. Hoje, esse filme seria chamado de um mocumentário – apresentava militares reais, contou com equipamentos militares e até mesmo os soldados alemães desempenharam seus papéis como prisioneiros de guerra.
Uma Grande Família (1954)
Este filme se tornou um caso único: todos os 16 atores que atuaram nele receberam prêmios no Festival de Cinema de Cannes — incluindo Aleksêi Batalov, Pável Kadotchnikov, Boris Andreev, Klara Lutchko e Ekaterina Savinova. É uma história sobre a grande família Jurbin, onde todos estão envolvidos na construção naval. O enredo é simultaneamente muito humano, mas também típico da época. O filme de Ióssif Heifitz também venceu o prêmio de Melhor Elenco.
Otelo, O Mouro de Veneza (1955)
O diretor Serguêi Iutkevitch é considerado uma lenda de Cannes, já que ganhou cinco vezes prêmios no festival; dois deles, o de Melhor Diretor (“Otelo” e “Lênin na Polônia”). Iutkevitch sonhava em filmar uma versão cinematográfica dessa peça de Shakespeare ainda na década de 1930, mas a hora e a oportunidade só vieram 20 anos depois.
Quando Voam as Cegonhas (1957)
Este foi o único filme soviético a ganhar o prêmio principal do Festival de Cannes, a Palma de Ouro — além do prêmio de trabalho de câmera (Caméra d’Or) e de melhor atriz para a protagonista.
O filme foi considerado um milagre: mostrou a guerra não na linha de frente, mas na retaguarda; a história não é um feito militar, porém um teste moral. Segundo o enredo, o noivo da protagonista vai para o front e ela se casa com o irmão dele, embora não o ame e espere o retorno do noivo. Após a vitória, ela descobre que seu amado havia morrido.
O diretor Claude Lelouch era um grande fã do filme — ele trabalhou no set de Mikhail Kalatozov por alguns dias e até fez filmagens sobre como a obra-prima russa foi criada.
Solaris (1972)
Um drama filosófico sobre o oceano Solaris, que estuda os humanos que vieram explorá-lo. Stanislav Lem, autor do romance que serviu de base para o filme, ficou insatisfeito com a forma como Andrei Tarkóvski o adaptou para a telona. Mesmo assim, “Solaris” venceu o Grande Prêmio Especial do Júri e o Prêmio FIPRESCI no Festival de Cinema de Cannes, tornando-se um clássico do cinema mundial.
Sibiriada (1979)
Vencedora do Grand Prix (no qual o júri escolhe o segundo melhor filme), esta obra de Andrei Kontchalôvski retrata várias gerações de famílias siberianas. Em vez de uma história sobre a produção de petróleo, como havia planejado originalmente, Kontchalôvski fez um filme sobre pessoas. O diretor contou como o ator Armand Assante lhe confessou ter chorado ao assistir o filme. Após o sucesso de “Sibiriada”, Kontchalôvski começou a trabalhar em Hollywood.
Nostalgia (1983)
Este filme rendeu a Tarkóvski o prêmio de Melhor Diretor, bem como os prêmios FIPRESCI e do Júri Ecumênico. Um ano após a estreia, o diretor anunciou que não voltaria à URSS. Ele tomou tal decisão após não receber autorização para estender sua viagem de negócios à Itália. A direção do Goskino (Comitê Estadual de Cinematografia da URSS) o proibiu de permanecer no exterior sob pretexto de que ele havia fracassado em Cannes por não receber o prêmio principal.
Arrependimento (1984)
Em 1987, o festival apresentou vários filmes soviéticos – o primeiro do júri foi “Olhos Negros”, de Nikita Mikhalkov. Mas tudo mudou após a exibição de “Arrependimento”, de Tenguiz Abuladze, que acabou ganhando três prêmios, incluindo o Grand Prix. Neste filme, eventos reais são entrelaçados em uma parábola fictícia sobre repressão política e memória humana.
Após a morte de um governante local, descobre-se que ele era culpado de repressões contra pessoas inocentes. Seu filho tenta inocentá-lo, enquanto o neto não consegue aceitar o monstro que seu avô era e comete suicídio.
Sol Enganador (1994)
Este filme, vencedor do Grande Prêmio de Cannes e do Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira, está cheio de paixões em um nível quase shakespeariano. Não é por acaso que é apelidado de versão russa de “...E o Vento Levou” (1939). Em meados dos anos 1930, a vida comedida do protagonista, o comandante da divisão Kotov — favorito de Stálin —, é perturbada pelo aparecimento de Mitia, um fantasma do passado e ex-noivo da esposa de Kotov, a quem ele enganou para que saísse do país e fosse trabalhar para a NKVD (órgão precursor do KGB). Porém, agora, tudo mudou e Mitia anuncia ao rival que os seus dias estão contados.
Sem Amor (2017)
Um casal discute o divórcio e o destino do filho. Mas nem o pai nem a mãe parecem se importar com o garoto. Ao ouvir a discussão acalorada e perceber a atitude dos pais, ele foge de casa. O filme de Andrei Zvyagintsev sobre a infelicidade e a incapacidade de dar amor aos mais próximos ganhou o Prêmio do Júri.
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