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5 igrejas proibidas na Rússia

Reuters; Freepik; Getty Images
País classificou como extremistas desde uma organização terrorista japonesa a seguidores de um xeque que resolveu construir um “mini califado islâmico” em sua dátcha.

1. Aum Shinrikyo

Sato Asahara.
S. Miklyaev, V. Zhukov / TASS

O Aum Shinrikyo - o culto do Juízo Final japonês fundado por Shoko Asahara em 1984 - é bastante conhecido mundo afora por um terrível ataque sarin no metrô de Tóquio, em 1995, que matou uma dúzia de pessoas. Mas é pouco conhecido o fato de que, antes disso, o Aum Shinrikyo tinha feito um enorme sucesso na Rússia e era quase tão grande quanto no Japão.

Membros russos do Aum Shinrikyo em março de 1995.
Getty Images

A ascensão do culto japonês ocorreu na Rússia antes do ataque, entre o final dos anos 1980 e o início dos 1990, quando seus rituais funcionavam legalmente no Japão e em todo o mundo. O Aum Shinrikyo parecia ser uma organização tão respeitável que o então prefeito de Moscou, Iúri Lujkóv, até encontrou Asahara e o cumprimentou em sua visita à capital russa, em 1992.

Como escreveu a agência de notícias russa RIA Nôvosti, a igreja tinha cerca de 10 mil seguidores na Rússia e chegou até a comprar armamentos ali para seus futuros ataques.

Depois de ataque terrorista do Aum Shinrikyo em Tóquio, Asahara e seus subordinados foram capturados e condenados à morte e, na Rússia, um tribunal proibiu o culto no país – mas a igreja só entrou para a lista federal de organizações terroristas em 2016.

2. Testemunhas de Jeová

Testemunhas de Jeová em Rostov no Don.
Getty Images

Em 2017, a Rússia contava com quase 160.000 Testemunhas de Jeová. Naquele mesmo ano, essa igreja cristã foi proibida no país. A ação pegou de surpresa a organização e seus seguidores: o culto não tinha nenhuma relação com qualquer violência. Mesmo assim, o Supremo Tribunal russo classificou a organização como extremista e proibiu todas suas atividades no país.

Os seguidores da igreja Testemunhas de Jeová diferem da maioria dos cristãos. Eles não acreditam na Santíssima Trindade e aguardam o fim iminente do mundo e uma batalha final entre Deus e Satanás, só para começar (ok, a gente sabe que alguém já bateu na sua porta perguntando se você acredita em reencarnação em um sábado qualquer).

Eles seguem regras estritas, proibindo, por exemplo, o serviço militar ou transfusões de sangue – mesmo em crianças que estejam precisando. Mesmo assim, muitos duvidavam que a igreja fosse realmente extremista.

Entre ois que levantaram suas dúvidas, estava o presidente da Rússia, Vladímir Putin. "Isso é alguma bobagem, precisamos estudar a questão melhor", disse em dezembro de 2018.

Até agora, porém, é proibida a formação de qualquer grupo de Testemunhas de Jeová na Rússia.

Leia mais sobre a proibição das Testemunhas de Jeová na Rússia aqui.

3. Antiga Igreja Russa do ‘Ingliizm’ dos Velhos Crentes Ortodoxos

Aleksander Khinevitch.
As Sudar

Junto com igreja mundialmente famosas que têm milhares de fiéis, a lista de organizações extremistas da Rússia inclui organizações mais exóticas: entre elas, os partidários do “Ingliizm” (também grafada em inglês como “Ynglism”).

Eles levam no nome as palavras "Antiga", "Ortodoxa" e "Velhos Crentes", mas não são nenhuma dessas coisas. Este culto neo-pagão foi fundado em 1992, na cidade de Omsk (2.700 quilômetros a leste de Moscou) por Aleksandr Khinevitch, antes defensor da ufologia.

Khinevitch certamente se inspirou em suas crenças anteriores enquanto escrevia sua “Bíblia”, o “Vedas Eslavo-Ariano”. O livro mistura a ideia de deuses que passaram a governar a Terra a partir do espaço, antigas sagas escandinavas (os seguidores de Khinevich acreditavam, por exemplo, que Asgard, a cidade dos deuses, ficava situada onde Omsk se localiza agora), lendas eslavas e uma bela pitada racismo. O “Ingliizm” proíbe, por exemplo, a mistura de raças e considera os brancos “superiores”.

Assim, o Estado proibiu o “Ingliizm” em 2004 por “incitação ao ódio”. Em 2015, a Suprema Corte também colocou o “Vedas eslavo-ariano” em sua lista de literatura extremista. Portanto, parece que, nos últimos 15 anos, Khinevitch se comunicou mais com a polícia do que deuses cósmicos.

4. Nobilis Ordo Diaboli

O satanista - e também racista - Aleksandr Kuznetsov.
Reuters

A organização (que se traduz como “A Nobre Ordem do Diabo”) era um minúsculo culto satanista de Saransk (650 quilômetros a leste de Moscou), e cujo fundador, Aleksandr Kazakov, de 25 anos, estudava na universidade local - exceto nos momentos em que adorava Satanás e seduzia as moças de sua igreja.

A organização tinha entre 30 e 50 membros e realizava rotinas satanistas comuns, como assinar contratos de venda de almas com sangue e orgias em massa. Eles continuaram na ativa até 2009, quando a polícia prendeu seu líder, que foi condenado a 20 meses em regime fechado. Foi o triste fim do diabo em Saransk.

5. Movimento Faizrakhmanista

Membro da comunidade dos Faizrakhmanistas.
Nikolai Alexandrov / TASS

Muitos movimentos islâmicos são proibidos na Rússia como extremistas, mas a igreja Faizrakhmanista se destaca mesmo com tanta competição no ramo. Seu fundador, Faizrakhman Sattarov, era um múfti, o sábio religioso islâmico, no Tartaristão. Mas, na década de 1980, ele pensava ser o Mensageiro de Alá e deixou o Islã tradicional para empreender sua própria seita em uma casa que comprou.

Décadas mais tarde, o movimento Faizrakhmanist tinha 64 pessoas, entre elas, 27 crianças. Todos eles viviam como uma comunidade fechada de eremitas em um prédio com oito cômodos subterrâneos.

Este foi o minúsculo "califado islâmico" de Faizrakhman. Eles não agiam de forma agressiva, mas, definitivamente, representavam uma ameaça a si próprios, já que o líder proibia que os membros da igreja saíssem da casa, tivessem acesso a qualquer tipo de atendimento médico ou educação. As crianças não tinham permissão para ler nada além das obras de Sattarov e do Alcorão.

Quando as autoridades descobriram sobre o culto em 2012, as 19 crianças foram evacuadas para receberem atendimento médico e acabaram levando o resto a sair também. Quatro pessoas foram acusadas de crueldade infantil e presas. Em 2013, o Estado proibiu a igreja e a classificou como organização extremista.

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