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Quando e onde os russos lutaram contra os espanhóis?

Soldado do Exército Vermelho e prisioneiros da “Divisão Azul” de voluntários espanhóis
Piotr Bernstein / Sputnik
Poucos sabem, mas ao longo da história houve conflitos diretos entre russos e espanhóis — desde guerras declaradas até choques em campos de batalha da Europa (entre eles, até uma guerra em que nenhum soldado morreu).

1. Guerra russo-espanhola de 1799-1801

Carlos 4º e Paulo 1º
Domínio público

No final do século 18, a Ordem de Malta estava sob o patrocínio da Rússia, e o imperador Paulo era o seu grão-mestre. No entanto, a Espanha não queria o fortalecimento da influência russa no Mediterrâneo e se recusou terminantemente a reconhecer o status do monarca russo.

A posição do rei espanhol Carlos 4º ofendeu Paulo 1º; além disso, naquele momento a Espanha havia se aproximado da França, inimiga da Rússia. Em 6 de agosto de 1799, o imperador russo declarou guerra ao reino.

Porém, a declaração de guerra não resultou em um conflito direto. Por razões geográficas, era impossível travar hostilidades. Nenhuma batalha entre os dois Estados chegou a acontecer. Em 16 de outubro de 1801, já durante o reinado do imperador russo Alexandre 1º, foi assinado um tratado de paz.

2. Guerra Patriótica de 1812

Cena do filme sovietico “A Balada dos Cavaleiros” (1962)
Legion Media

Em 1808, Napoleão obrigou o rei espanhol Fernando 7º a abdicar do trono e colocou em seu lugar o seu irmão José Bonaparte. Foi então que eclodiu no país uma guerra popular contra os franceses, que continuou mesmo durante a invasão do Grande Exército à Rússia em 1812.

Formalmente, a Espanha continuava a ser aliada da França, e José enviou à Rússia mais de quatro mil soldados. Alguns deles eram apoiadores de Napoleão, chamados de “afrancesados”, mas a maioria sonhava em desertar, voltar à Pátria e lutar contra o agressor.

As deserções começaram logo após o início da campanha russa, quando também ocorreram os primeiros fuzilamentos de desertores. Mais tarde, os russos formaram com esses homens um regimento espanhol que, em 1813, foi enviado para combater na Península Ibérica.

Aqueles que permaneceram ao lado dos franceses seguiram todo o percurso até a desastrosa derrota do exército napoleônico perto do rio Bereziná, no final de 1812. Apenas poucos conseguiram escapar da Rússia.

3. Guerra Civil Espanhola

Pilotos soviéticos perto de Madri
Sputnik

Em 1936, a URSS enviou para a Espanha — imersa em uma guerra civil — milhares de especialistas militares. Eles não apenas treinavam as forças republicanas, mas também participavam diretamente dos combates contra os apoiadores de Franco, as tropas alemãs e italianas.

“É preciso ver como mudou radicalmente o ânimo dos espanhóis na frente e na retaguarda, quando, no início de novembro, surgiram no céu de Madri os caças republicanos I-15 e I-16, pilotados por voluntários soviéticos, que desferiram os primeiros ataques aéreos contra os rebeldes. Foi o fim da impunidade dos piratas aéreos fascistas”, escreveu o conselheiro militar russo Pável Batov.

Em 1938, porém, a liderança soviética percebeu que o colapso da república era inevitável e iniciou a repatriação dos militares soviéticos. Cerca de 180 russos morreram, e 59 receberam o título de Herói da URSS (alguns postumamente).

4. Segunda Guerra Mundial

Voluntários espanhóis da “Divisão Azul” na União Soviética
Bundesarchiv

O ataque da Alemanha à União Soviética em 22 de junho de 1941 provocou entusiasmo na Espanha franquista. Muitos desejavam vingar-se dos russos por seu apoio à república derrotada.

Até 70 mil voluntários espanhóis participaram dos combates na Frente Oriental integrados à 250ª divisão da Wehrmacht, conhecida como “Divisão Azul”. Eles participaram do cerco a Leningrado (atual São Petersburgo).

O comando soviético tratava os espanhóis com desprezo, considerando-os o elo fraco da defesa inimiga e direcionando contra eles os principais ataques. “Um bando de ralé, molecada imprestável e ranhosa. Estão todos cheios de piolhos, se congelando e amaldiçoando o dia em que botaram o pé na Rússia”, gritou o comandante do 55º Exército soviético, Vladímir Svirídov, ao planejar a operação de desbloqueio de Leningrado, chamada “Estrela Polar”.

Na prática, os espanhóis não se mostraram tão fracos assim. Em fevereiro de 1943, nos combates em torno de Krásni Bor, eles conseguiram deter as forças soviéticas superiores até a chegada dos reforços. No entanto, sofreram perdas colossais, e batalhões inteiros foram aniquilados.

No outono de 1943, quando o rumo da guerra mudou radicalmente, Franco retirou seus soldados da URSS. Alguns voluntários, entretanto, permaneceram servindo nas tropas da SS até a queda de Berlim.

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