Por que viajar para a República de Komi? Confira dicas de um blogueiro local
A República de Komi está localizada no nordeste da parte europeia da Rússia, na região dos Montes Urais. Cerca de um quarto de sua população é composta pelos komi (ou comi), um povo indígena fino-úgrico que conseguiu preservar a sua língua e cultura. Cerca de 143 mil deles vivem na república e regiões circundantes.
Conversamos com Genrikh Nemtchinov, um dos representantes de Komi, que há cinco anos mantém um blog de viagens sobre sua república natal e produz documentários sobre a cultura de seu povo.
Komi está na sétima geração
“Nasci na aldeia de Brikalansk, distrito de Ijma, e sou um komi de sétima geração. Quando era pequeno, só conhecia a língua komi e só aprendi russo lá pelos seis anos”, conta Genrikh.
A maioria dos moradores da república ainda fala sua língua nativa: além do russo, o komi também é ensinado nas escolas locais.
“Acredito que os turistas definitivamente deveriam visitar a República de Komi, porque ela preservou não somente suas maravilhas naturais, mas também sua cultura e seu idioma”, afirma o blogueiro.
É especialmente interessante estudar o povo komi-ijem — um grupo etnográfico do povo komi que possui um traje nacional especial, brilhante e muito diferente de qualquer outro encontrado em outras regiões da república.
O principal blogueiro étnico dos Urais
Genrikh, de 22 anos, começou seu blog em 2016, participando primeiro de desafios como o Desafio da Garrafa. Com o passar do tempo, ele começou a fazer vídeos sobre a região, pois percebeu que este seria um conteúdo mais útil.
“A aventura mais difícil foi uma expedição de motoneve pelos Urais, pelas montanhas cobertas de neve, até as [formações rochosas] de Manpupuner. Hoje em dia, voo para lá de helicóptero, mas eu costumava pilotar uma motoneve em meio a nevascas e à taiga. Você dirige todo molhado, congelando e não tem onde se secar. E só quando chega a alguma cabana na floresta é que você pode acender o fogão e se secar”, relembra.
Genrikh já havia visitado Manpupuner cinco vezes. Trata-se de um conjunto de pilares rochosos nos Urais e uma verdadeira maravilha natural em um lugar remoto.
Outro lugar de destaque na república é Vorkuta, uma cidade industrial e uma das maiores acima do Círculo Polar Ártico. Genrikh tenta dissipar estereótipos sobre o local, que muitos associam a um passado soviético sombrio, repleto de prédios abandonados.
“Sim, faz parte da história. Mas Vorkuta é agora uma cidade muito bem cuidada e interessante, com vários cafés charmosos e deliciosos. E as pessoas que moram lá são muito gentis!”
Durante suas viagens, Genrikh fez uma “descoberta incrível”: a República de Komi é, essencialmente, a Rússia em miniatura. “Aqui há campos, florestas, tundra e montanhas. Há também uma fonte termal – a única no Ártico – chamada ‘Pim-Va-Chor’, que significa ‘riacho com água quente’ na língua komi.”
Cultura komi para as massas
“Vejo como missão do meu blog, sobretudo, a popularização da República Komi na Rússia e no mundo, além de fomentar conhecimento [do mundo] sobre povos como os komi”, afirma.
Genrikh também fala aos moradores e às crianças locais sobre a importância de preservar as tradições e não esquecer a língua komi, que ele também ensina ao seu filho pequeno.
Hoje em dia, o blogueiro também participa do projeto educacional “Território de Komi”, juntamente com Ruslan Magomedov, um empreendedor de Vorkuta; o editor Serguêi Khodos; e uma equipe de colaboradores.
Juntos, eles produzem documentários sobre a república, falam sobre suas aldeias e povo, além de revelar lugares abandonados que merecem uma visita. Eles até os exibiram em shows e outros eventos públicos, onde conversam com os espectadores locais, que muitas vezes dão sugestões sobre locais a filmar.
“Para mim, toda a República de Komi é um lugar de força”, diz Genrikh. “Todos deveriam amar sua terra natal. Eu acredito que minha terra natal cura.”
Os 5 melhores lugares da República de Komi por Genrikh Nemchinov:
- Formações rochosas de Manpupuner, uma verdadeira maravilha natural da Rússia
- Vorkuta, uma cidade bem conservada acima do Círculo Polar Ártico, com cafés deliciosos e que vale muito a pena visitar, apesar de seu sombrio passado soviético
- Fonte termal ‘Pim-Va-Chor’, a única acima do Círculo Polar Ártico
- Distrito de Ijma, onde vivem os komi-ijemianos (“Eles são um povo muito empreendedor; preservaram a criação de renas e é até possível acariciar veados ou pescar no rio Pijma.”)
- Monte Otorten, uma formação rochosa horizontal com quilômetros de extensão
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