Quando e onde os russos lutaram contra os italianos?
Guerra Patriótica de 1812
Em junho de 1812, o ‘Grande Exército’ de Napoleão invadiu o Império Russo. Cerca da metade de suas tropas era composta por contingentes estrangeiros aliados, incluindo italianos.
Na campanha participaram quase 34 mil habitantes da Península Itálica, em sua maioria do Reino da Itália, então subordinado à França. Eles foram comandados pelo enteado de Napoleão, o vice-rei da Itália, Eugène de Beauharnais.
Os italianos se destacaram nessa guerra, provando estar entre os melhores guerreiros. Após a Batalha de Borodinó, Napoleão disse: “O sangue dos romanos corre em suas veias... Vocês nunca devem se esquecer disso”.
No entanto, o contingente italiano pereceu quase completamente junto com o ‘Grande Exército’. Apenas alguns milhares retornaram para casa depois da Rússia.
Guerra da Crimeia
Em 1853 eclodiu a Guerra da Crimeia, na qual a Rússia enfrentou a coalizão formada pelo Império Otomano, Reino Unido, França e Reino da Sardenha.
A Sardenha não tinha razões diretas para lutar contra a Rússia, mas buscava se tornar o centro da unificação italiana e, ao entrar na guerra, pretendia aumentar seu prestígio internacional e fortalecer as relações com britânicos e franceses.
O contingente sardo na Crimeia contava com cerca de 24 mil soldados, mas participou pouco dos combates. O episódio mais marcante ocorreu na Batalha do Rio Tchiórnaia, em 16 de agosto de 1855, quando as forças franco-italianas derrotaram os russos. Nos combates morreram apenas algumas dezenas de italianos, mas mais de dois mil sucumbiram ao tifo e à cólera.
Guerra Civil Espanhola
A Guerra Civil Espanhola, iniciada em julho de 1936, se tornou uma espécie de ensaio para a Segunda Guerra Mundial. Foi na Península Ibérica que a Alemanha nazista e a Itália fascista enfrentaram pela primeira vez a URSS no campo de batalha.
Mussolini enviou à Espanha um corpo expedicionário de 50 mil homens, incluindo sua guarda pessoal — os camisas negras. Já o número de militares soviéticos não passava de 2.000, porém, graças ao armamento, a república conseguiu resistir por bastante tempo.
Nos céus, os caças soviéticos I-16 derrubavam com habilidade os Fiat CR.32, enquanto em solo os tanquistas soviéticos enfrentavam seus rivais italianos.
Os franquistas e seus aliados alemães e italianos acabaram, contudo, vencendo a Guerra Civil.
Segunda Guerra Mundial
Em 22 de junho de 1941, no início da Operação Barbarossa, não havia soldados italianos no exército invasor. Hitler não convocou seu principal aliado para a “cruzada contra o bolchevismo”, já que Roma enfrentava problemas nos Bálcãs e na África.
Mussolini, no entanto, convenceu o Führer a dar uma chance às tropas italianas de lutarem contra os russos. No verão de 1942, o 8º Exército Italiano na frente oriental já contava com 230 mil homens.
Os italianos enfrentaram grandes dificuldades com suprimentos e armamentos, o que resultou em baixo desempenho militar. As tropas mais eficazes foram os fuzileiros alpinos de elite e as divisões de torpedeiros especiais MAS, que atuaram no Mar Negro e no Lago Ladoga, próximo a Leningrado (atual São Petersburgo).
Após a derrota catastrófica alemã em Stalingrado, no fim de 1942, os italianos foram esmagados pela ofensiva soviética no rio Don. “Homens exaustos caíam na neve para nunca mais se levantar”, escreveu o oficial da divisão Pasubio, Eugenio Corti. "Os mais resistentes ainda rastejavam pela estrada até que as forças os abandonassem por completo”.
Na primavera de 1943, Mussolini retirou os remanescentes do devastado 8º Exército da frente oriental. A catástrofe abalou profundamente a sociedade italiana e se tornou uma das causas da queda do regime fascista na Itália.
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