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Antes de Moscou, quem vivia nessas terras na época do Império Romano?

Participante do 5º festival histórico internacional Tempos e Épocas no museu-reserva Kolômenskoie, em Moscou
Mikhail Metzel / TASS
As margens dos rios que hoje cortam a capital russa já testemunhavam a vida de assentamentos humanos muito antes da chegada dos eslavos. Quem eram esses povos e o que restou de sua presença?

Entre os séculos 7 a.C. e 6 d.C., as terras onde hoje fica Moscou eram habitadas por povos fino-úgricos, pertencentes à chamada cultura arqueológica Diákovo. O nome da cultura vem do sítio arqueológico descoberto no século 19 próximo à vila de Diákovo, localizado atualmente na área do museu-reserva Kolômenskoie, no sudeste da capital russa.

Esses povos estabeleciam seus assentamentos e fortalezas cercadas por muros, valas e estacas nas margens mais altas dos rios. Cada povoado abrigava centenas de pessoas, e um dos assentamentos ficava justamente no local onde hoje está o Kremlin de Moscou. No total, na área que corresponde a Moscou e região circundante, havia, pelo menos, cem desses povoados, com uma população estimada entre 10 e 20 mil habitantes.

Sítio arqueológico da cultura Diákovo
AlixSaz (CC BY-SA 4.0)

Cada fortificação se estendia num raio de até três quilômetros. Os moradores se dedicavam a caça, pecuária, pesca e colheita; também lidavam com agricultura, porém, em uma escala bem menor.

Os mortos eram cremados, e os ossos depositados em sepulturas ou nas “casas dos mortos” — cabanas sem janelas e portas, apoiadas em postes. Essas cabanas eram construídas em áreas próximas dos povoados. Segundo os historiadores, elas inspiraram a antiga e famosa lenda sobre a Baba Iagá, uma velha bruxa e guia entre o mundo dos vivos e dos mortos, que vive em uma cabana sobre pernas de galinha. As “pernas de galinha” são, na verdade, os tocos de madeira sobre os quais ficam as cabanas usadas para enterrar os mortos.

Por meio dos citas e mais tarde dos sármatas, os povos da cultura Diákovo conheceram a cultura romana; nos assentamentos foram encontrados colares de contas e fíbulas vindas do Mediterrâneo.

Pingentes dos séculos 3 a 5 d.C. na exposição “Defensores de Scherbinskoie” no Museu de Moscou. A exposição apresenta achados do território do assentamento de Scherbinskoie, um monumento da cultura arqueológica Diákovo, localizado em Domodedovo, nos entornos de Moscou, às margens do rio Pakhra
Vitáli Beloussov / Sputnik

Na época da Grande Migração dos Povos (séculos 4 a 7), a cultura Diákovo entrou em declínio, e a planície da Europa Oriental começou a ser intensamente povoada pelos eslavos.

Ainda assim, os fino-úgricos deixaram uma marca visível na história de Moscou e região. Entre os vestígios de sua presença estão os nomes de rios locais: Voimega, Ikcha, Vondiuga, Kuima. E o próprio nome da capital russa, Moscou (“Moskvá”, em russo), assim como o nome do rio Moscou (também “Moskvá” em russo), no qual a cidade está situada, deriva, segundo a hipótese mais aceita, de duas palavras fino-úgricas: “va” (“água”, “rio” ou “molhado”) e “mosk” (“negro”, “escuro”). Ou seja, o nome da capital pode ser traduzido literalmente da antiga língua fino-úgrica como “água escura”.

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