
Conheça o lutador brasileiro do UFC que abriu uma escola de jiu-jitsu perto de Moscou

O brasileiro Francimar Barroso, também conhecido como “Bodão”, pratica jiu-jitsu, kickboxing e artes marciais mistas há mais de 30 anos. Nesse período, ele já competiu com sucesso nas principais ligas do mundo, como UFC e PFL, e venceu mais da metade de suas lutas.
No entanto, em 2021, sua vida mudou drasticamente: ele se casou com uma atleta russa e se mudou para Mitischi, nos arredores de Moscou, onde abriu sua própria escola de artes marciais chamada “Bodao Fight Team”. Hoje em dia, ele e a esposa trabalham como treinadores de jiu-jitsu, e até mesmo seu filho de dois anos, Gabriel, já pratica artes marciais.
Encontro on-line
A esposa de Francimar, Anastassia Motiachova, é uma “mestre do esporte” (distinção esportiva concedida na Rússia) em kickboxing e lutadora profissional de MMA. Mas, por ironia do destino, o casal acabou se conhecendo pela internet durante a pandemia.

Na época, Francimar morava em Las Vegas e lutava todos os meses. Porém, devido ao lockdown, seu contrato foi suspenso. O mesmo aconteceu com Anastassia, que se preparava para uma luta e planejava sua estreia profissional no boxe em Moscou, mas a ideia não correu como esperado.
“Todo mundo estava nas redes sociais naquela época. Certo dia, comentei algo e Francimar viu. Ele me escreveu e começamos a conversar. Trocamos mensagens todos os dias durante um mês e, no segundo mês, começamos a fazer videochamadas”, lembra Anastassia.
Os atletas descobriram que tinham muito em comum, e Francimar decidiu visitar a Rússia. As fronteiras estavam fechadas, mas os advogados deram um jeito e o brasileiro conseguiu voar para Minsk, capital da vizinha Bielorrússia — foi lá que os dois se encontraram pela primeira vez.

“As pessoas costumam me perguntar por que decidimos morar juntos na Rússia”, diz Francimar. “Já morei em muitos lugares: Brasil, EUA, Europa. E a Rússia me atraiu pela segurança – em todos os sentidos. Minha esposa e eu queremos que nosso filho cresça longe de substâncias proibidas, longe de tiroteios de rua e com valores tradicionais. Não há nenhum outro lugar assim no exterior.”
Amor pela comida russa
Anastassia não imaginava que o marido iria gostar da culinária russa, pois é muito diferente da comida brasileira. Contudo, agora, os pratos favoritos de Francimar são a sopa borsch e bliní (panquecas) com salmão defumado.
Francimar se lembra de um incidente engraçado quando visitou a mãe de Anastassia pela primeira vez. Ela cozinhava o dia inteiro e colocava muitos pratos diferentes sobre a mesa.
“Entre eles, houve um que realmente me surpreendeu. Era um prato de carne, mas estava frio, gelado”, conta. O brasileiro perguntou se poderia esquentá-lo, mas a sogra recusou terminantemente — pois deveria ser consumido frio. Francimar estranhou, mas, por educação, decidiu experimentar. “Era ‘kholodets’. Com o tempo, adquiri paladar e, agora, como com gosto!”
Brasileiro meio russo
“Mudei muito desde 2021. Acho que já sou meio russo ou, talvez, até totalmente russo. Quero continuar morando aqui, criar meu filho e promover o jiu-jitsu brasileiro e um estilo de vida saudável em geral.”

Embora ainda tenha dificuldades com a língua russa e a fale com certa hesitação, ele acha que a parte mais difícil são os sons fortes, como ‘r’ e ‘z’. “Em inglês e no meu português (brasileiro), os sons são principalmente suaves e nasais. Falar português é como cantar uma música.”
O brasileiro diz gostar muito de Moscou e admira o avanço tecnológico, a beleza e a segurança da cidade.
“Conheci e passei a amar a Rússia. O mundo a retrata como algo completamente diferente; eles acham que é um país selvagem, com pessoas rudes que nem piscam. Porém, depois de morar aqui, percebi que os russos são um povo muito afetuoso. Na verdade, as mentalidades russa e brasileira são semelhantes: somos abertos e sinceros!”
