Como era o lendário acampamento de pioneiros ‘Artek’ nos tempos soviéticos (FOTOS)
Em 16 de junho de 1925, foi aberta a primeira temporada do acampamento de pioneiros ‘Artek’. Na ocasião, havia algumas poucas tendas de lona e apenas 80 crianças de Moscou e outras cidades.
Inicialmente, o acampamento tinha um propósito recreativo e ajudava crianças que precisavam de reabilitação para tuberculose. Por isso, o local escolhido foi perto de Ialta, na costa sul da Crimeia.
O mar, as montanhas e as coníferas tinham um efeito positivo na saúde das crianças. Além disso, exercícios matinais e treinamento físico faziam parte da rotina.
Um dos símbolos do acampamento é a Montanha Aiu-Dag, que oferece vista para praia. O nome em si significa “montanha-urso” na língua tártara da Crimeia, pois seu contorno lembra um urso dormindo ou encostado na água.
O ‘Artek’ era dividido em grupos de até 30 crianças, cada qual com um “conselheiro”, essencialmente um indivíduo mais velho, entre 18 e 25 anos.
Com o tempo, o número de crianças hospedadas no acampamento começou a aumentar. Em 1930, cerca de 1.000 pioneiros permaneceram ali durante todo o verão e, em 1939, esse número subiu para 4.500. O recorde de público se deu em 1985, quando 36.892 crianças se hospedaram no ‘Artek’. Essa marca só foi veio a ser superada em 2017.
De um acampamento de tendas em um pequeno pedaço de terra, o ‘Artek’ cresceu para 218 hectares. Devido à sua extensão territorial, teve que ser dividido em vários acampamentos menores: no mar, nas montanhas e em outros lugares. O ‘Artek’ possui diversos prédios e até um estádio próprio.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Crimeia foi ocupada pelos nazistas e o acampamento acabou sendo evacuado para Altai. Porém, em 1944, após a libertação da península, o ‘Artek’ voltou a receber pioneiros.
O acampamento de pioneiros à beira-mar não era somente férias na praia. As crianças ficavam ocupadas com uma série de atividades — aeromodelismo, xadrez, dança e esportes, entre outras coisas.
O ‘Artek’ tinha até sua própria biblioteca.
As crianças também eram levadas em excursões a pontos turísticos da Crimeia, como, por exemplo, o castelo Ninho da Andorinha, que fica bem próximo.
Embora o ‘Artek’ fosse à beira-mar, nadar não era a atividade mais importante. De acordo com a programação diária, as crianças iam à praia duas vezes por dia: de manhã, antes do meio-dia, e à tarde, após as 16h, quando o sol era considerado mais seguro. E elas só podiam entrar e sair da água ao sinal de uma trombeta tocada pelo supervisor adulto.
Outra parte indispensável da programação era o cochilo da tarde, ou “uma hora de silêncio”.
Uma característica que sempre distinguiu o ‘Artek’ dos demais acampamentos é o seu caráter internacional. Crianças de todas as repúblicas soviéticas, bem como de outros países socialistas e nações africanas amigas, se hospedavam lá.
Um dos eventos mais brilhantes da temporada de verão é o Dia de Netuno (um reminiscente do rito de passagem da linha do Equador, ou batismo equatorial). É um “feriado marítimo”, em que as crianças se vestem como personagens de contos de fadas do mundo marinho, fazem apresentações teatrais e danças, além de brincar de molhar os tutores.
O ‘Artek’ era considerado uma vitrine do pioneirismo soviético, por isso, recebia os mais ilustres convidados estrangeiros. Por exemplo, em 1964, Sarvepalli Radhakrishnan, presidente da Índia, visitou o acampamento.
Em 1965, Modibo Keita, presidente do Mali, visitou o acampamento na Crimeia.
O cosmonauta Iúri Gagarin, o primeiro homem no espaço, também esteve no ‘Artek’, onde foi condecorado com o distintivo de pioneiro honorário.
Até mesmo o líder soviético Leonid Brejnev separou um espaço na agenda para o ‘Artek’.
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