O que está acontecendo na pintura ‘Nas Muralhas da Fortaleza. Deixe-os entrar!’?
Soldados se aproximam com cautela de uma brecha na muralha e espiam cuidadosamente para além da cidadela. Estão tensos e concentrados — a qualquer momento o inimigo pode iniciar um ataque.
Na obra de 1871, o pintor russo Vassíli Verescháguin retrata um episódio da conquista da Ásia Central pelos russos: a defesa de Samarcanda entre 14 e 20 de junho de 1868.
As tropas russas haviam tomado a cidade em 26 de maio, mas poucas semanas depois ela foi sitiada pelo exército do emirado de Bucara e a população local também se rebelou.
O pequeno destacamento russo enfrentava uma força inimiga quase cem vezes maior. Os soldados russos recuaram para a cidadela no centro de Samarcanda, onde resistiram heroicamente durante seis dias até a chegada de reforços.
Essa defesa bem-sucedida foi decisiva para a vitória da Rússia na guerra contra o Emirado de Bucara, que acabou se tornando um protetorado do Império Russo.
Verescháguin conhecia esses acontecimentos não pela teoria, mas os testemunhou pessoalmente. Ele era o pintor oficial do governador-geral do Turquestão, Konstantin Kaufmann, mas, quando a situação se agravou, também pegou em armas e lutou junto com o destacamento russo. Por sua bravura, foi condecorado com a Ordem de São Jorge de 4º grau.
O episódio retratado na pintura foi descrito por Verescháguin em seu livro ‘Na Guerra na Ásia e na Europa’: “Um barulho intenso, mas ainda nada visível; o ruído aumenta, já se ouvem gritos isolados — claramente, eles estão se dirigindo à brecha próxima de nós. Nos movemos para lá, nos escondemos junto à muralha, aguardamos. ‘Vamos subir no muro e enfrentá-los lá’, sussurrei a Nazarov, impaciente com a espera. ‘Psiu, deixe eles entrarem’, ele respondeu”.
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