Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO)

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO)
Serguêi Piatakov; Vladímir Viátkin / Sputnik
A companhia de dança contemporânea Teatro de Balé é famosa mundo afora e seu diretor é considerado um verdadeiro gênio, autor de um método artístico exclusivo.
Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Eifman antes da abertura de "Rodin".
Serguêi Piatakov / Sputnik

Boris Eifman iniciou sua carreira na dança no Palácio dos Pioneiros, na Quixinau soviética (hoje, a capital da Romênia), e hoje é o criador e diretor artístico de seu próprio teatro de balé, além de presidente da academia de dança que leva seu nome.

Do teatro da província a Leningrado

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Eifman.
Rudolf Kutcherov / Sputnik

Eifman nasceu em 1946 na cidade de Rubtsovsk, no krai de Altai, para onde sua família foi evacuada durante a Segunda Guerra Mundial. Logo eles se mudaram para a República Socialista Soviética da Moldávia, onde, aos cinco anos de idade, Eifman iniciou sua jornada artística — inicialmente, em um círculo de dança no Palácio dos Pioneiros (movimento equivalente ao dos escoteiros na URSS), em Quixinau, e depois no departamento de coreografia da Escola Técnica de Música de Quixinau.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Eifman (à dir.) em ensaio.
Iu. Baríquin / Sputnik

Após a formatura, Eifman passou a lecionar no estúdio dos pioneiros enquanto trabalhava como artista no Teatro de Ópera e Balé Moldavo. Com tanta energia criativa, ele acabou criando sua própria linguagem de dança. Como resultado, o jovem Boris partiu para Leningrado, onde ficava uma das melhores escolas de balé do país. Eifman aprimorou seus estudos como mestre de balé no conservatório e, em 1972, passou a lecionar na cultuada Escola Coreográfica de Leningrado (hoje, Academia Vaganova de Balé Russo).

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Eifman (dir.) em ensaio.
V. Baranóvski

Seus trabalhos já haviam sido exibidos no Teatro Mariinski. O coreógrafo escolhia composições e compositores fora do comum para suas produções.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Eifman com bailarinos durante ensaio.
V. Baranóvski / Sputnik

Em 1977, Eifman recebeu um convite para trabalhar com o grupo de dança da organização "Lenkontsert" (da abreviação em russo, “Consertos de Leningrado”), que organizava shows de música clássica e pop. Com base nessa organização, Eifman criou seu “Novo Balé”, que, após o colapso da URSS, ficou conhecido como Teatro Estatal de Balé Acadêmico de São Petersburgo — ou, simplesmente, Teatro de Balé de Boris Eifman.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Cena de "Canção Interrompida".
A. Trubitsin / Sputnik

Em suas primeiras produções, ele convidou dançarinos importantes do Teatro Mariinski, como Alla Ossipenko, John Markovsky e Valeri Mikhailovski. Uma de suas primeiras produções marcantes foi “O Idiota”, de 1980, com música de Piotr Tchaikovsky.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Cena de "O idiota".
Ribtchinski / Sputnik

Um novo olhar sobre o balé russo

As produções de Eifman só se assemelham à primeira vista a produções clássicas que se tornaram marca registrada do chamado "balé russo". Críticos de todo o mundo observam que a coreografia de Eifman é incrivelmente complexa e cheia de elementos inovadores, completamente diferentes de qualquer outra coisa.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Balé "Quem é quem".
Dmítri Korobéinikov / Sputnik

Seus balés se destacam por soluções cênicas inesperadas e uma exótica escolha de textos literários. Por exemplo, o balé “Up & Down” é baseado no romance “Suave é a Noite”, de Francis Scott Fitzgerald, e no palco se desenrola a brilhante Era do Jazz americana.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Cena de "Up & Down".
Aleksêi Dánitchev / Sputnik

A montagem de Eifman para o balé clássico “Giselle” foi recebida com entusiasmo em todo o mundo. Sua “Giselle Vermelha” mostra a dramática biografia da bailarina Olga Spesivtseva, que brilhou por toda a Europa nas “Estações Russas” de Sergei Diaghilev (inclusive no papel principal de “Giselle”). Após a Revolução de 1917, ela foi forçada a emigrar para os EUA, onde acabou afundando em uma doença mental.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Cena de "Giselle Vermelha".
Ígor Russak / Sputnik

Não vemos o habitual "Lago dos Cisnes" no repertório do Eifman, mas no balé "Tchaikovsky. PRO et CONTRA", ele busca dar sentido à biografia e à obra do compositor que lhe é tão querido e sobre o qual se debruça diversas vezes.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Oleg Gabichev no papel de Tchaikovsky em balé de Eifman.
Vladímir Viátkin / Sputnik

"Eu queria criar uma obra na qual pudesse mergulhar mais profundamente no elemento do tormento criativo de Tchaikovsky", diz Eifman sobre a montagem. O público também verá os cisnes em seus lendários tutus brancos e cenas de "O Quebra-Nozes", assim como fantasias dançantes acerca de temas das óperas de Tchaikovsky.

Eifman também criou sua versão moderna do "Eugênio Onégin", o poema em prosa de Aleksandr Púchkin, em que uniu música clássica da ópera homônima de Tchaikovsky com uma composição em rock de Aleksandr Sitkovetski.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Cena de "Eugênio Onéguin".
Maksim Bogodvid / Sputnik

O mais importante para o diretor é revelar a profundidade psicológica das personagens e dos enredos. Ele não se volta apenas à parte técnica da dança, mas ao teatro, à dramaturgia e à energia que transmite ao público por meio de suas apresentações.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Cena de "Eugênio Onéguin".
Maksim Bogodvid / Sputnik

"Vejo como minha principal missão descobrir novas possibilidades da arte do balé como uma visão do mundo interior do homem", diz.

O balé de Eifman "Anna Karênina" — em que se concentra no triângulo amoroso do romance de Lev Tolstói, entre Anna Karenina, seu marido e Vronski — está entre suas montagens mais poderosas em termos de emoções.

Eifman afirma que sua coreografia é construída e concebida como uma reação emocional dele mesmo à música.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Cena de "Rodin".
Ígor Russak / Sputnik

"Estou criando outro balé onde a autoexpressão se torna conteúdo, onde há drama, filosofia, personagens, ideias. E tenho certeza de que este é o balé do futuro", diz Eifman.

No aniversário do fim do Cerco de Leningrado, em 2014, Eifman montou um balé surpreendentemente intenso e dramático, “Requiem”. O título refere-se simultaneamente ao poema “Requiem”, de Anna Akhmatova, e à composição de Mozart, que é apresentado no balé juntamente com a sinfonia “Em memória das vítimas do fascismo e da guerra”, de Dmitri Chostakóvitch.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Cena de "Requiem".
Mikhail Klementiev / Sputnik

Em 2011, Eifman criou sua inovadora escola de balé "Academia de Dança de Boris Eifman", que trabalha com crianças a partir de 10 anos e, segundo ele mesmo, tem por objetivo "formar bailarinos universais", que dominem tanto a dança clássica, como a contemporânea.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Academia de Dança de Boris Eifman.
Aleksandr Galpérin / Sputnik

Boris Eifman já recebeu inúmeros prêmios teatrais e até mesmo várias honrarias estatais, entre elas o “Cavaleiro da Ordem” por seu “Serviço à Pátria". Ele é simplesmente um dos coreógrafos mais famosos do mundo e o jornal “The New York Times” o qualificou como “o maior coreógrafo do mundo” em 1998.

Boris Eifman, o gênio por trás do Teatro de Balé (FOTO) Boris Eifman.
Vladímir Viátkin / Sputnik

Sua trupe é um dos cartões de visita do balé russo, que já percorreu os principais palcos do mundo, assim como o Teatro Bolshoi em Moscou.

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