Como os russos sabotaram (sem querer) o projeto de filme sobre Napoleão de Stanley Kubrick?

O recém-lançado “Napoleão”, de Ridley Scott, decepcionou os fãs de história. Muitos lamentam que, até agora, ninguém tenha conseguido transportar para as telonas com maestria a história do famoso imperador francês. 

Mas, nos anos 1970, um filme mais fiel à história poderia muito bem ter nascido. Um dos diretores mais talentosos da história do cinema, criador de “Spartacus” (1960), “Nascido para Matar” (1987) e “2001 - Uma Odisseia no Espaço” (1968), Stanley Kubrick se preparava para rodar um longa-metragem em grande escala sobre Napoleão, com Jack Nicholson no papel-título.

Serguêi Bondartchuk (à esquerda) e Rod Steiger durante intervalo nas filmagens do filme ítalo-soviético “Waterloo”.

Infelizmente, o ambicioso projeto não se concretizou. O motivo foi o fracasso de bilheteria do longa soviético-italiano de Serguêi Bondarchuk, “Waterloo”, que foi lançado em 1970.

O épico do diretor soviético era uma superprodução e surpreendeu o público com impressionantes cenas de batalha envolvendo grandes multidões (o Exército soviético forneceu 15.000 soldados para as cenas). Porém, naquele ano, o filme teve muito pouco sucesso de distribuição.

Cena de “Waterloo”.

Os produtores do “Napoleão” de Kubrick temiam uma repetição deste triste destino e imediatamente interromperam a produção. O diretor ainda tentou reavivar o projeto por algum tempo, mas acabou desistindo.

Mais tarde, Kubrick utilizou alguns dos desenvolvimentos do filme nunca feito em seu drama histórico “Barry Lyndon” (1975) e até mesmo no suspense psicológico “De olhos bem fechados” (1999).

Kubrick no set em 1975, durante a produção do filme “Barry Lyndon”.

Porém, para alegria dos amantes de cinema histórico e da obra de Stanley Kubrick, o diretor Steven Spielberg e a HBO estão atualmente filmando uma minissérie intitulada “Napoleão” baseada no roteiro do grande diretor.

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