
Boris Safonov, o melhor ás soviético do início da guerra contra os nazistas

“Excelente piloto, determinado. Domina perfeitamente as aeronaves. Possui um senso apurado de tempo e distância. Calmo e meticuloso” — foi assim que, em junho de 1941, o comandante da Frota do Norte, o almirante Arsêni Golovkó, caraterizou Safonov, um dos pilotos mais célebres da Segunda Guerra Mundial.
O tenente sênior Boris Safonov enfrentou a invasão alemã no Ártico, atuando como comandante de esquadrão do 72º Regimento de Aviação Mista da Força Aérea da Frota do Norte. Naquele momento, os pilotos precisavam, literalmente, permanecer no ar o tempo todo, porque a Luftwaffe bombardeava incessantemente a cidade de Murmansk, as bases navais, os aeródromos e as baterias antiaéreas costeiras.

Em 24 de junho, a bordo de um caça I-16, Safonov abateu o primeiro bombardeiro alemão “Heinkel” He-111 no Ártico soviético. Três dias depois, destruiu um avião de reconhecimento “Henschel” Hs-126. A partir daí, a sua lista de vitórias começou a crescer rapidamente — e de forma constante.
O piloto rejeitava táticas padronizadas e, em cada combate, buscava agir de forma criativa, aplicando manobras táticas inéditas. Evitava voar em linha reta por muito tempo, preferindo manobras constantes, curvas entre colinas, loopings e mudanças bruscas de altitude. Para vencer, apostava sempre em “golpes ousados e inesperados”.

Safonov também demonstrou grande talento como comandante. Treinou seu esquadrão para atuar como um organismo único, exigindo que ninguém se afastasse do grupo nem mesmo por um metro e que todos sentissem e acompanhassem cada manobra executada.

Nos três primeiros meses da guerra, o esquadrão comandado por Safonov abateu 48 aviões inimigos, tornando-se o mais eficaz da Frota do Norte. “A interação entre as unidades e a coesão em combate são decisivas. Quando o meu esquadrão de elite ataca uma formação de bombardeiros, estamos absolutamente tranquilos”, escreveu.

Em meados de setembro, o piloto já havia vencido 11 aeronaves. Em 16 de setembro, recebeu o título deHerói da União Soviética; em outubro, foi promovido a major e nomeado comandante do 78º Regimento de Caça.

No outono, Safonov se tornou um dos primeiros a testar os caças “Hurricane” recebidos do Reino Unido no âmbito do programa de ajuda militar. Ele elogiou as características de voo das aeronaves britânicas, mas se mostrou insatisfeito com o armamento. Ele conseguiu permissão do comandante da aviação da Frota do Norte, o general de aviação Aleksandr Kuznetsov, para reequipar os caças com metralhadoras soviéticas e, posteriormente, com canhões aéreos ShVAK — o que aumentou significativamente a capacidade de combate dos aviões.

Na primavera de 1942, com 25 vitórias confirmadas, o tenente-coronel Safonov foi o piloto de caça mais bem-sucedido da aviação soviética e tinha tudo para entrar na lista dos melhores pilotos de todos os tempos, junto com os maiores ases da Força Aérea do Exército Vermelho Nikita Kojedub e Aleksandr Pokríchkin — que, naquele momento, tinham menos vitórias aéreas. No entanto, o destino lhe pregou uma peça. Em 30 de maio, Safonov foi morto em combate, defendendo o comboio PQ-16 no Mar de Barents. No mês seguinte, ele foi condecorado postumamente com o título de Herói da União Soviética pela segunda vez — tornando-se o primeiro militar a receber esse título duas vezes durante o conflito.
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