Espião russo que operou na América Latina e EUA é enterrado em Moscou

Espião russo que operou na América Latina e EUA é enterrado em Moscou
Serviço de Inteligência Estrangeiro da Rússia
Um dos últimos a receber o título de Herói da União Soviética, Mikhail Vasenkov viveu no continente americano por décadas sem levantar suspeitas.

As cinzas de Mikhail Vasenkov, mais conhecido como Juan José Lázaro Fuentes, foram enterradas há duas semanas em Moscou. Vasenkov, que faleceu aos 79 anos em abril em Cuzco, era um espião soviético-russo que fingia ser uruguaio e foi naturalizado no Peru. 

Vasenkov foi um dos últimos a receber o título de Herói da União Soviética: um espião soviético e russo "ilegal" que se fez passar por uruguaio e foi legalizado no Peru. Após seu enterro, grande parte de sua vida familiar, que permanecia oculta, foi desclassificada.

Nascido em Moscou em 1942, graduou-se com honras e medalha de ouro pela Escola Superior do Comando de Armas Combinadas do Soviete Supremo de Moscou em 1965. Ingressou nas agências de segurança do Estado em 1966. Dois anos depois, concluiu um curso de treinamento para agentes com conhecimento de línguas estrangeiras na Escola Superior Dzerjinski do Comitê de Segurança do Estado (KGB), sob o Conselho de Ministros da URSS. Vasenkov era fluente em espanhol, inglês e falava francês.

Segundo declarou o jornalista russo Serguêi Brilev ao Vesti.ru, Vasenkov tinha uma ligação com Patria, a famosa espiã espanhola Maria Pávlovna, ou África de las Heras. Comunista espanhola, Patria começou a trabalhar para os serviços de segurança soviéticos nos anos 1930, mudou-se para o Uruguai e dali continuou seu trabalho. Patria ficava à procura de túmulos de crianças falecidas para fornecer esses nomes verdadeiros aos missionários que chegavam da URSS. Aparentemente, foi assim que Mikhail Vasenkov acabou se tornando um uruguaio (cujo nome completo era Juan José Lázaro Fuentes) quase da sua idade. 

Também segundo a lenda elaborada por seu mentor, ele teria sido criado em Montevidéu e, portanto, deveria saber sobre a cidade. De acordo com o próprio Vasenkov, ele costumava ler com Patria e estudou todos os cantos de Montevidéu. Mas a história continua.

Quando ele tinha sete anos, os pais de Vasenkov (descendentes de alemães) o levaram de Montevidéu para Barcelona, ​​e mais tarde viajou para o Peru para trabalhar como fotógrafo.  Solicitou nacionalidade peruana e a recebeu em 1979. De seus parentes, a única pessoa que sabia quem ele realmente era era sua filha de Moscou, a quem enviava presentes.

Em 1983 casou-se com a jornalista peruana Vicky Peláez e mudou-se para Nova York com ela e o filho de um casamento anterior, em 1985. Nos EUA o casal teve um filho juntos. A biografia de Mikhail foi tão bem elaborada que as autoridades norte-americanas não levantaram suspeitas e lhe concederam um Green Card. Vasenkov-Lázaro se tornou faixa preta em caratê. Nos Estados Unidos, cursou doutorado em filosofia na Universidade de Nova York. Ele também trabalhou como fotógrafo de imprensa, o que era conveniente para cobrir suas atividades de inteligência.

Sua nova família peruana não fazia ideia de sua conexão russa.

Vasenkov foi premiado com a Estrela de Herói por seu excelente trabalho nos Estados Unidos. De acordo com relatos, tratava-se, em particular, da agenda de reuniões internacionais de presidentes dos EUA (além de reuniões com altos funcionários de Moscou) que obteve. Nem mesmo sua esposa sabia por que ele havia recebido a Estrela de Ouro.

Em 2004, aposentou-se dos serviços de inteligência após atingir o limite de idade para o serviço militar, mas continuou morando nos Estados Unidos com sua esposa.

Em 27 de junho de 2010, foi detido em sua própria casa em Nova York. Em princípio, os serviços de inteligência norte-americanos não conseguiram provar sua conexão com a inteligência russa, e Vasenkov negou as acusações, insistindo em sua inocência. Segundo os jornalistas do jornal russo Kommersant, Vasenkov teria sido denunciado pelo coronel Aleksandr Potéiev, ex-vice-chefe do Departamento de Serviço de Inteligência Estrangeira. Vasenkov teve de ser deportado para a Rússia, conforme a ordem judicial.

Nos últimos anos de vida viveu em Moscou e no Peru.

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