5 razões para ler “Memórias de um caçador”, de Ivan Turguêniev

Janela para a Rússia (Foto: Piotr Sokolov; Rech Publishing House, 2018; Domínio público)
Janela para a Rússia (Foto: Piotr Sokolov; Rech Publishing House, 2018; Domínio público)
O escritor russo passou o verão e parte do outono de 1846 em sua propriedade em Spasskoie-Lutovinovo, onde dedicou quase todo o seu tempo à caça. Em meados do outono, ao chegar a São Petersburgo, sentou-se para escrever ensaios com base no material que havia coletado nos meses anteriores. Assim nasceu este ciclo de histórias que incorporava todas as conquistas da literatura russa da época.

 

Ivan Turguêniev. Memórias de um Caçador. Editora 34, 2013
Ivan Turguêniev. Memórias de um Caçador. Editora 34, 2013

1. Fácil de ler

Trata-se de um ciclo de ensaios ou contos – os pesquisadores ainda não chegaram a um consenso. O volume relativamente grande é dividido em histórias curtas e autônomas que podem ser lidas em qualquer ordem — e estão conectadas apenas pela figura do narrador-caçador. É através de seus olhos que o leitor vê os personagens e acompanha os acontecimentos, o que cria integridade.

Piotr Sokolov Ilustração para a história “Lebedian” feita por Piotr Sokolov
Piotr Sokolov

2. Um hino à natureza russa

Turguêniev retratava paisagens como ninguém. Suas descrições de florestas, campos, céus e estações são poéticas e precisas. O leitor começa a literalmente ver, ouvir e sentir a natureza da Rússia central. Ao mesmo tempo, a natureza de Turguêniev é viva, é um herói de pleno direito do livro e um participante do que está acontecendo. Suas paisagens revelam o mundo interior dos personagens. Também não é coincidência que a natureza seja mutável. Pode ser serena e ensolarada em uma história e ameaçadora, elementar em outra. Por exemplo, a descrição de uma tempestade se aproximando na história “Biriuk” transmite perfeitamente a tensão interna e a premonição de um conflito.

Piotr Sokolov Ilustração para a história “Lgov” feita por Piotr Sokolov
Piotr Sokolov

3. Galeria de personagens vívidos

O caçador-narrador encontra diferentes pessoas: camponeses, proprietários de terras, itinerantes, crianças. Cada personagem, por menor que seja, é descrito em detalhes e em profundidade. Todos são diferentes e frequentemente contraditórios. E todos ficam na memória do leitor. Sem falar que Turguêniev delineou temas que já eram populares na literatura russa na primeira metade do século 19 ou que logo se tornariam: o tema do “pequeno homem”, o profundo psicologismo do campesinato, a conexão entre as experiências humanas e o estado de natureza.

Piotr Sokolov Ilustração para a história “Piotr Petrovitch Karataev” feita por Piotr Sokolov
Piotr Sokolov

4. Exemplo brilhante da prosa russa

O estilo de escrita de Turguêniev é bem semelhante ao de Púchkin. Ele evita frases pesadas. Sua prosa é limpa, pura, leve e precisa. As frases são construídas com um ritmo tal que o texto soa como poesia. É impossível não prestar atenção à riqueza de vocabulário: o estilo literário rebuscado da prosa de Turguêniev é combinado com dialetismos.

Piotr Sokolov Ilustração para a história “O Escritório” feita por Piotr Sokolov
Piotr Sokolov

5. Janela para a Rússia de meados do século 19

Este livro é considerado por muitos uma enciclopédia não oficial da vida russa de meados do século 19: a vida de proprietários de terras e servos, lendas populares, crenças e rituais das províncias de Oriol e Kaluga; a estrutura da economia camponesa ou latifundiária, a comunicação entre as diferentes classes e entre si; os detalhes da caça — tudo isso demonstra como era a verdadeira Rússia, e não a cerimonial, daquela época.

Boris Kustodiev “Jacó, o Turco, cantando”. Ilustração de B. M. Kustodiev para a história “Cantores”
Boris Kustodiev

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