7 fatos sobre ‘Moscou Vermelha’, o lendário perfume soviético
1. Criado durante a ascensão da indústria de perfumes
“Ou os piolhos derrotarão o socialismo, ou o socialismo derrotará os piolhos!”, disse o líder revolucionário Vladimir Lênin no Congresso dos Sovietes em 1919. A questão das epidemias e da higiene pessoal era extremamente grave para o novo governo soviético. As pessoas que se mudavam em massa das aldeias para as cidades para trabalhar nas fábricas desconheciam, em grande parte, as normas sanitárias. Cartazes nas empresas explicavam repetidamente como escovar os dentes, tomar banho e cuidar da higiene pessoal.
Porém, ainda mais importante, havia escassez de sabão no país. Em 1922, a fábrica de perfumes nacionalizada ‘Brocard’, em Moscou, retomou suas atividades com o novo nome de ‘Novaia Zaria’ (‘Nova Aurora’).
2. Produzido durante a ‘NEP’ (Nova Política Econômica)
O relaxamento das duras medidas do Comunismo de Guerra na década de 1920 e a introdução da ‘Nova Política Econômica’ (NEP) trouxeram de volta, ainda que por pouco tempo, o livre mercado. Lojas privadas reabriram, assim como bares, cabarés e restaurantes.
Os fashionistas urbanos puderam, mais uma vez, comprar produtos importados, incluindo perfumes franceses. Um de seus favoritos era ‘L’Origan’, da ‘Coty’, considerado o mais próximo em fragrância do ‘Krasnaia Moskva’ (‘Moscou Vermelha’). Este último foi lançado em 1925.
3. O perfume foi criado por um francês
Auguste Michel
Por incrível que pareça, o famoso perfume soviético foi criado por um perfumista francês. Auguste Michel havia trabalhado em fábricas de cosméticos antes da Revolução Bolchevique de 1917 e permaneceu no país após a tomada do poder. Como um dos raros especialistas, foi convidado para a fábrica Novaia Zaria, onde propôs a criação do ‘Moscou Vermelha’.
O perfume possui uma fragrância de flores complexa com mais de 60 elementos (cravo, jasmim, flor de laranjeira, almíscar e cítricos, para citar apenas alguns), com destaque para íris.
4. Herda uma fragrância da era tsarista
Não há provas concretas de que o perfume ‘Moscou Vermelha’ tenha sido inventado especificamente por Michel ou que tenha sido lançado exatamente em 1925. Portanto, a origem do perfume está envolta em lendas.
Antes da revolução, a fábrica Brocard era fornecedora da Corte Imperial. Em 1913, para o 300º aniversário da Casa Romanov, a Brocard lançou o perfume ‘Le Bouquet Préféré de l'Impératrice’ (‘O Buquê Favorito da Imperatriz’), fragrância que ganhou vários prêmios em exposições internacionais e foi, de fato, criada por ninguém menos que Auguste Michel.
Acredita-se, porém, que a fragrância tenha servido de base para ‘Moscou Vermelha’ (e alguns até acreditam que seja o mesmo perfume, simplesmente relançado com um nome diferente).
5. Um gêmeo do Chanel ‘Nº 5’?
Outra lenda sobre o ‘Moscou Vermelha’ é a sua relação com o famoso ‘Nº 5’ da Chanel. Porém, especialistas que analisaram a composição de ambos afirmaram categoricamente: as diferenças são maiores do que as semelhanças.
O motivo dos rumores foi o criador do Chanel Nº 5, Ernest Beaux. Este perfumista francês viveu na Rússia tsarista antes da revolução e também criou um perfume para o 300º aniversário da Casa Romanov com um nome semelhante à fragrância de Michel – ‘Bouquet de l'Impératrice’ (‘Buquê da Imperatriz’, que é considerado o protótipo do Chanel ‘Nº 5’).
Além disso, Beaux e Auguste Michel trabalharam juntos na fábrica Rallet, em Moscou. No entanto, não se sabe se eles roubaram ideias um do outro ou se tinham esboços em comum.
6. Embalagem revolucionária
Antes de ‘Moscou Vermelha’, todas as embalagens na indústria de perfumes lembravam caixas art nouveau com vinhetas e imagens de mulheres coquetes — criticadas pela liderança soviética por serem excessivamente burguesas.
Mas ‘Moscou Vermelha’ foi revolucionário em tudo, até mesmo em sua embalagem. Apenas leves detalhes dourados e uma borla permaneceram, enquanto a base era um padrão rítmico de vanguarda sobre um fundo vermelho.
7. A popularidade em toda a URSS veio após a Segunda Guerra Mundial
Na década de 1920, o perfume estava disponível apenas para um círculo bastante restrito. Nos anos1930, podia ser encontrado nas prateleiras de algumas perfumarias de marca, ao lado de talcos e sabonetes perfumados.
No entanto, no final da década de 1940, o perfume ‘Moscou Vermelha’ tornou-se um produto de massa. Um verdadeiro culto surgiu em torno dele, tanto que foi mencionado em vários filmes soviéticos. O cobiçado frasquinho estava presente nas prateleiras de praticamente todos os banheiros femininos no país.
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