Como o ensino de russo como língua estrangeira mudou nos últimos anos
Professores de russo como língua estrangeira enfrentam uma batalha diária e árdua com o TikTok e outras mídias sociais pela atenção de seus alunos. Para tornar o processo de estudo mais estimulante, os professores estão se munindo de tecnologias modernas.
Conversamos com Olga Khaleeva, chefe do Departamento de Metodologia de Ensino de Russo como Língua Estrangeira do Instituto Estatal Púchkin de Língua Russa, em Moscou, para descobrir quais os desafios que os professores modernos enfrentam e as mudanças no perfil dos alunos.
Um dos interesses científicos e profissionais de Khaleeva é justamente a integração de novas tecnologias na aprendizagem de idiomas. Essa curiosidade surgiu há cerca de 20 anos, quando ela fez doutorado sobre o desenvolvimento e o uso de videogames no estudo do russo como língua estrangeira.
IA no estudo da língua russa
Segundo Khaleeva, a metodologia de ensino de russo como língua estrangeira não pode ficar alheia às tendências sociais, uma vez que as tecnologias digitais estão sendo integradas a todas as esferas da vida, incluindo ciência e educação.
“Cada vez mais surgem artigos de pesquisa que exploram as possibilidades da inteligência artificial no ensino de russo como língua estrangeira. É claro que não estamos questionando se as redes neurais poderão [um dia] substituir os professores. Isso nem está em discussão”, diz.
“Mas o fato de a inteligência artificial ajudar a analisar determinados materiais, escolher as melhores maneiras de resolver um problema e encontrar o que é necessário em um grande volume de informações já é uma realidade”, continua.
Uma tendência para a comunicação pessoal
No entanto, além das tentativas de integrar a inteligência artificial ao processo de aprendizagem, percebem-se outras tendências. Se, por um lado, as tecnologias digitais de aprendizagem estão se tornando cada vez mais importantes e procuradas, por outro, há uma demanda significativa por aprender russo presencialmente com um professor.
“E aqui, claro, é muito importante continuar aprimorando as formas de trabalho presencial: refiro-me a projetos, tecnologias interativas e de jogos que ajudam o aluno a aprender a se comunicar em russo em situações diversas”, diz Olga.
Atualizando os livros didáticos
Khaleeva está convencida de que, no ensino de russo como língua estrangeira, o conteúdo não é o único elemento importante, mas também o aspecto visual.
“Quando um estrangeiro pega um livro didático, para ele, pode ser a fonte mais confiável e comprovada para obter informações não somente sobre a língua russa, mas também sobre a nossa cultura. É claro que agora existe a internet e o acesso a uma vasta quantidade de informações, mas, entre essas opções, é importante encontrar fontes confiáveis, e uma delas é justamente o livro didático”, afirma.
Como a geografia dos alunos que aprendem russo mudou
Pela experiência no Instituto Púchkin, percebe-se que a origem dos alunos estrangeiros varia muito de ano a ano. Tradicionalmente, há muitos alunos da China e do Vietnã, porém, agora a geografia está se expandindo.
“É muito estimulante que haja cada vez mais estudantes de países africanos. O interesse pela língua russa está renascendo nesta região. Muitos querem vir para a Rússia em busca de educação ou desenvolvimento profissional, e temos programas tanto para estudantes quanto para cursos de desenvolvimento profissional para professores africanos de russo”, diz Olga.
Khaleeva também observa que o número de estudantes da América Latina aumentou – assim como o número de países para onde professores de russo como língua estrangeira viajam para dar aulas também cresceu: por exemplo, Brasil e Colômbia se juntaram a Cuba.
A ‘Janela para a Rússia’ agradece ao Instituto Púchkin de Língua Russa por sua ajuda na preparação deste artigo.
O ensino de russo como língua estrangeira e outros temas dedicados ao russo foram discutidos na 17ª Assembleia do Mundo Russo, realizada em Moscou de 20 a 22 de outubro de 2025.
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