Presidentes dos EUA que trabalharam na Rússia

Presidentes dos EUA que trabalharam na Rússia Da esq. para dir.: Herbert Clark Hoover e James Buchanan.
Kira Lissítskaia (Foto: Legion Media; National Portrait Gallery (Estados Unidos))
Antes de se mudar para a Casa Branca, os presidentes dos Estados Unidos Adams, Buchanan e Hoover ajudaram a desenvolver as relações do seu país com o Império Russo.

John Quincy Adams, 6º presidente dos Estados Unidos, trabalhou na Rússia entre 1809 e 1814

Presidentes dos EUA que trabalharam na Rússia
Museu de Belas Artes de Boston

John Adams, o “pai da nação” norte-americana, visitou a Rússia pela primeira vez, em 1781, quando tinha apenas 14 anos. Ele estava acompanhando Francis Dane, o primeiro enviado dos Estados Unidos a São Petersburgo — que, no entanto, não conseguiu apresentar suas credenciais à imperatriz Catarina 2º, a Grande .

John Adams voltou à Rússia em 1809, já como representante diplomático oficial dos Estados Unidos na Rússia. Ele se tornou o primeiro "enviado plenipotenciário" a São Petersburgo. Em correspondência com a mãe, ele reclamava do alto custo de vida na capital russa.

"Você conhece as dificuldades e os custos de formar um estabelecimento doméstico adequado para um ministro americano em outras partes da Europa — eles são altos em todos os lugares. Mas, aqui, eles são maiores do que em qualquer outro lugar. Ainda estamos hospedados em uma taberna, mas pagamos muito. Os comparecimentos à Corte são frequentes e uma obrigação indispensável. [...] Não pude me apresentar com nenhuma peça de roupa que trouxe comigo, o preços de trajes para mulheres é enorme — e eles devem ser mais diversificados do que os trajes de um homem. O número de criados que preciso ter é pelo menos o triplo do que é necessário em outros lugares, e o clima do país exige despesas com roupas desconhecidas nas regiões mais ao sul", escreveu John Adams em 1812.

John Adams trabalhou na Rússia até 1814. Seu mandato caiu na era das Guerras Napoleônicas, e a tarefa do diplomata era conseguir máximas preferências comerciais para os Estados Unidos. A dificuldade era que os Estados Unidos estavam em conflito com a Inglaterra, aliada próxima da Rússia na época. John Adams conseguiu um bom relacionamento pessoal com o imperador Alexandre 1°. Eles até passeavam juntos ao longo das margens do rio Neva, em São Petersburgo.

Em 1811, John e sua esposa, Louisa, tiveram uma filha, Louisa Catherine, que morreu um ano depois e se tornou a primeira cidadã americana a ser enterrada na Rússia.

A pedido de Noah Webster, o autor do dicionário, Adams enviou-lhe livros sobre gramática russa e vocabulário da língua russa. Foi assim que se iniciaram os estudos de língua e cultura russa nos Estados Unidos.

James Buchanan, 15º presidente dos Estados Unidos, trabalhou na Rússia entre 1832 e 1834

Presidentes dos EUA que trabalharam na Rússia
National Portrait Gallery

Graças a Buchanan, em 1832 foi assinado o Tratado Russo-Americano de Comércio e Navegação. O documento previa direitos comerciais bilaterais gerais e estabelecia as condições da nação mais favorecida no comércio.

Apesar do curto período de serviço, Buchanan conseguiu conquistar o favor do imperador Nicolau 1º.

“O imperador é o ideal de um soberano para a Rússia; do meu ponto de vista, ele é um homem mais capaz e virtuoso do que qualquer um dos que o cercam. Eu me iludo com o fato de que houve uma mudança positiva em sua atitude em relação aos Estados Unidos desde minha chegada. De fato, no início, fui tratado com total desprezo", escreveu Buchanan a sua irmã. “Qualquer que seja nossa opinião sobre sua política, todos aqui admitem que, em assuntos privados, seu caráter é um exemplo para todo o império. Como marido, pai, irmão e amigo, ele é um exemplo para seus súditos”.

Quando o diplomata deixou São Petersburgo, Nicolau 1º pediu para informar o presidente Jackson que o novo enviado americano deveria ser "do mesmo tipo que Buchanan".

Descubra por que o imperador Nicolau 1º da Rússia foi apelidado de "gendarme da Europa" aqui.

Herbert Clark Hoover, 31º presidente dos Estados Unidos, trabalhou na Rússia entre 1909 e 1913; 1921 e 1923

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Universal History Archive / Getty Images

Engenheiro de minas por formação, Hoover começou a trabalhar na Rússia em 1909. Na cidade de Kichtim, nos montes Urais, ele comprou empresas dos herdeiros do comerciante Rastorguev e criou uma sociedade anônima de mineração. Ele se envolveu na reorganização financeira e na modernização da produção.

"O sucesso em Kichtim me permitiu perceber que, até então, a indústria russa era frequentemente dominada por operadores alemães e britânicos. Os russos sempre desconfiaram deles, temendo implicações políticas. Eles se ressentiam da suposta superioridade dos oficiais britânicos e alemães. Eles não tinham esse sentimento em relação aos americanos. Os engenheiros russos são técnicos muito capazes, mas carecem de treinamento administrativo. Havia uma camaradagem instintiva pela qual russos e americanos se davam bem”, escreveu Hoover em suas memórias.

Hoover, que rapidamente ganhou autoridade em Kichtim, foi posteriormente convidado a liderar o desenvolvimento de jazidas nas montanhas de Altai. Em sua opinião, era a maior e mais rica jazida conhecida no mundo. Engenheiros americanos trabalharam lá até a revolução de 1917.

Já Hoover deixou a Rússia em 1913. "Se não fosse pela Primeira Guerra Mundial, eu teria recebido os maiores lucros de engenharia na história”, escreveu.

Em 1917, os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com o governo bolchevique. No entanto, quando a fome em massa começou na Rússia soviética em 1921, Hoover, já como secretário de comércio dos EUA e chefe da Administração de Ajuda Americana, enviou suprimentos humanitários ao país, apesar de ter uma atitude extremamente negativa em relação ao bolchevismo.

A Administração de Ajuda Americana prestou assistência gratuita a 20 milhões de habitantes da Rússia Soviética, fornecendo alimentos, roupas, máquinas agrícolas e sementes e abriu hospitais.

No posto de presidente dos EUA, Hoover desenvolveu as relações comerciais com a URSS. Em 1932, com a ajuda americana, uma fábrica de automóveis foi inaugurada em Níjni Nôvgorod e uma metalúrgica, em Novokuznetsk.

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