Por que o arcipreste Avvakum foi queimado vivo?

Piotr Miassoedov Queima do Arcipreste Avvakum, de Piotr Miasoedov, 1897
Piotr Miassoedov
Em abril de 1682, a cidade ártica de Pustozersk tremeu. Chamas rugiram em praça pública, e o fogo devorou a figura de Avvakum, junto com três de seus seguidores. De acordo com os documentos investigativos da época, oficiais executaram o padre rebelde, que não tinha medo de se manifestar contra a Igreja e o tsar.

Avvakum sempre se distinguiu pela firmeza de suas convicções. Em 1648, estabeleceu-se em Moscou, onde se tornou membro de um círculo de fanáticos da piedade. O arcipreste defendia a correção dos livros da Igreja conforme os antigos cânones russos e seguindo as antigas regras. Por exemplo, ele acreditava que se deveria fazer o sinal da cruz com dois dedos, relembrando simbolicamente a natureza de Cristo – homem e Deus.

Em 1652, o patriarca Nikon realizou uma reforma da Igreja: os cristãos ortodoxos deveriam fazer o sinal da cruz com três dedos, correspondendo ao número de hipóstases da Santíssima Trindade – o Pai, o Filho e o Espírito Santo. As mudanças também afetaram outros rituais e textos eclesiásticos. Nessa época, aqueles que rejeitaram as inovações foram reconhecidos como hereges. Assim, Avvakum e seus apoiadores se viram rotulados como “foras da lei”. Apesar da pressão, ele não mudou suas crenças e continuou a criticar Nikon até que, em 1666, foi destituído e enviado a Pustozersk.

Domínio público Boiarinia Morozova visita o arcipreste Avvakum (pintura do século 19)
Domínio público

Como um criminoso notório, Avvakum foi mantido em uma cova na terra. Frio extremo no inverno, calor sufocante no verão, água na altura dos joelhos na primavera – o arcipreste passou 15 anos nessas condições.

Enquanto estava na prisão, o arcipreste escreveu sua hagiografia: páginas estas que se tornaram a primeira autobiografia da literatura russa. Avvakum não renunciou às suas crenças, embora tenha sido solicitado a fazê-lo tanto pelo tsar Aleixo Mikhailovitch quanto por seu herdeiro, Fiódor Alekseievitch.

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