
Por que o arcipreste Avvakum foi queimado vivo?

Avvakum sempre se distinguiu pela firmeza de suas convicções. Em 1648, estabeleceu-se em Moscou, onde se tornou membro de um círculo de fanáticos da piedade. O arcipreste defendia a correção dos livros da Igreja conforme os antigos cânones russos e seguindo as antigas regras. Por exemplo, ele acreditava que se deveria fazer o sinal da cruz com dois dedos, relembrando simbolicamente a natureza de Cristo – homem e Deus.
Em 1652, o patriarca Nikon realizou uma reforma da Igreja: os cristãos ortodoxos deveriam fazer o sinal da cruz com três dedos, correspondendo ao número de hipóstases da Santíssima Trindade – o Pai, o Filho e o Espírito Santo. As mudanças também afetaram outros rituais e textos eclesiásticos. Nessa época, aqueles que rejeitaram as inovações foram reconhecidos como hereges. Assim, Avvakum e seus apoiadores se viram rotulados como “foras da lei”. Apesar da pressão, ele não mudou suas crenças e continuou a criticar Nikon até que, em 1666, foi destituído e enviado a Pustozersk.

Como um criminoso notório, Avvakum foi mantido em uma cova na terra. Frio extremo no inverno, calor sufocante no verão, água na altura dos joelhos na primavera – o arcipreste passou 15 anos nessas condições.
Enquanto estava na prisão, o arcipreste escreveu sua hagiografia: páginas estas que se tornaram a primeira autobiografia da literatura russa. Avvakum não renunciou às suas crenças, embora tenha sido solicitado a fazê-lo tanto pelo tsar Aleixo Mikhailovitch quanto por seu herdeiro, Fiódor Alekseievitch.
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