
Rússia já foi representada em mapas como um polvo e não como um urso

A imagem do polvo como metáfora política tornou-se popular na década de 1870, quando o autor britânico Frederick W. Rose publicou o seu famoso “mapa sério-cômico da Guerra do ano de 1877”. O contexto não poderia ser mais pungente: dois meses antes, a Rússia havia atacado o Império Otomano em retaliação ao massacre de cristãos na Bulgária.
No mapa de Rose, a Rússia não aparece como o típico urso tsarista, mas como um enorme polvo estendendo seus tentáculos pela Eurásia. A Pérsia e a Polônia estão estranguladas, a Finlândia está encurralada e a Turquia luta desesperadamente contra um dos tentáculos do monstro. Na Bulgária, uma caveira recorda as atrocidades cometidas.

Essa imagem não era inocente. No Reino Unido, a política estava dividida: os liberais de William Gladstone, críticos do Império Otomano, tendiam a desculpar a Rússia, enquanto os conservadores, profundamente russófobos, defendiam um pacto com os otomanos para conter a sua expansão.
O mapa de Rose reforçava a narrativa conservadora e ajudou a moldar a opinião pública contrária.
O polvo viaja para a Ásia
A metáfora visual rapidamente cruzou fronteiras. Um dos primeiros a reproduzi-la foi o japonês Kisaburō Ohara, que em 1904 (em meio à Guerra Russo-Japonesa) publicou um mapa mostrando tentáculos russos estendendo-se pela Ásia.

Nesta representação, um tentáculo estende-se até tocar Port Arthur (Tasmânia), um porto estratégico e alvo do ataque japonês de 1904 contra a frota russa. A mensagem era clara: a Rússia não era uma ameaça só à Europa, mas também ao equilíbrio de poder no Pacífico. O objetivo da propaganda era óbvio: persuadir a Grã-Bretanha, então principal potência naval do mundo, a ficar de fora do conflito.
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