200 anos da Revolta Dezembrista, a primeira tentativa de derrubar a monarquia na história russa

Vassíli Perov The Decembrist Uprising por Vasily Perov late 1870s – early 1880s
Vassíli Perov
Em 26 de dezembro de 1825, cerca de 3.000 oficiais marcharam até a Praça do Senado em São Petersburgo, recusando-se a jurar fidelidade ao novo imperador Nicolau 1º. A Revolta Dezembrista não foi bem-sucedida, mas lançou as bases para debates sobre o futuro da Rússia e permanece um símbolo de ousadia e idealismo. O que os insurgentes queriam alcançar?

Há exatos 200 anos, em 26 de dezembro de 1825, em São Petersburgo, então capital do Império Russo, ocorreu o que mais tarde seria chamado de início da história revolucionária do país. A Revolta Dezembrista foi a primeira tentativa na história da Rússia de a elite desafiar abertamente a autocracia e transformar a estrutura política do país. Seus participantes foram oficiais nobres que haviam lutado nas guerras contra Napoleão e retornaram à Rússia trazendo consigo ideias de constituição, direitos civis e abolição da servidão. Embora a rebelião tenha sido rapidamente reprimida, ela se tornou um ponto de partida simbólico para todo o movimento revolucionário russo posterior e para os debates sobre qual caminho o país deveria seguir.

Os nobres conspiradores tentaram derrubar o imperador Nicolau 1º, que acabara de assumir o poder em São Petersburgo, após seu irmão Constantino ter renunciado aos direitos ao trono.

O protesto ocorreu devido à recusa de cerca de 3.000 amotinados em prestar juramento de fidelidade ao novo imperador. Com as bandeiras desfraldadas e ao som dos tambores, eles marcharam até a Praça do Senado e se reuniram diante do monumento Cavaleiro de Bronze. A maioria dos soldados presentes nem sabia o que era uma “constituição” e estava ali apenas por obediência à hierarquia militar. Ironicamente, alguns acreditavam até que a Constituição fosse a esposa de Constantino.

O que queriam com os protestos?

Os participantes da revolta, conhecidos como dezembristas, sonhavam em criar uma nova Rússia. No entanto, tinham visões diferentes sobre como ela deveria ser.

De acordo com a “Constituição” de Nikita Muraviov, um dos líderes do movimento, o Império deveria se transformar em uma federação composta por 13 “estados” e duas regiões. O poder legislativo supremo caberia a um Parlamento Nacional bicameral, enquanto o Poder Executivo ficaria a cargo do imperador, declarado “funcionário supremo”.

Domínio público Portrait of N. M. Muravyov, 1836, Nikolay Bestuzhev. --- Public domain
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Uma posição muito mais radical foi adotada por Pável Pestel, outro líder da revolta. Ele defendia a abolição do regime autocrático e a proclamação da república. Todas as ordens sociais seriam eliminadas, e todos os cidadãos se tornariam iguais perante a lei. Pestel rejeitava categoricamente a ideia de federação e defendia um Estado “único e indivisível”.

Tanto Muraviov quanto Pestel eram unânimes quanto à necessidade da abolição imediata da “vergonhosa” servidão.

Além disso, na véspera da revolta em São Petersburgo, o “ditador” dos conspiradores, Serguêi Trubetskôi, preparou o “Manifesto ao povo russo”, segundo o qual a monarquia seria abolida e o poder passaria a um “governo provisório”.

Domínio público - Alleged portrait of Pavel Pestel
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No entanto, a ação dos dezembristas fracassou. Após confrontos violentos, Nicolau 1º derrotou os insurgentes e ordenou o enforcamento de alguns dos principais conspiradores.

Cinco líderes, incluindo Pestel, foram executados. Muraviov e Trubetskoi estiveram entre os condenados a trabalhos forçados na Sibéria. Outros conspiradores foram privados de seus cargos e de seus títulos de nobreza e enviados ao Cáucaso como soldados rasos. Milhares de soldados dos regimentos amotinados.

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