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8 fatos sobre o famoso pão russo ‘Karavai’

Maffboy/Dreamstime.com
Jamais é cortado com faca, é assado para casamentos e servido aos convidados mais ilustres com sal. E por trás da aparência cerimonial deste pão russo, escondem-se rituais rigorosos e sabedoria popular.

1. Símbolo de hospitalidade

Líder soviético Nikita Khruschov em visita à Tchecoslováquia, 1964
Vassíli Iegorov / TASS

Desde os tempos antigos, os visitantes são recebidos na Rússia com ‘khleb-sol’ (‘pão e sal’); existe até um conceito conhecido como ‘khlebosolnost’ (‘hospitalidade’). O "pão", neste caso, é especificamente o ‘karavai’, o ápice da arte da panificação. A inclusão do sal também não é acidental: antigamente, era muito caro.

Em suma, os visitantes só recebiam o melhor..

Vladímir Astapkovitch / Sputnik

Essa tradição se desenvolveu historicamente: antes, era difícil viajar e as distâncias eram vastas, portanto, uma pessoa que conseguia superar uma longa jornada era considerada muito corajosa. A própria palavra “visitante” nas línguas eslavas indicava pertencimento à classe mercantil e carregava uma conotação positiva.

O último tsar russo, Nicolau 2º
Sputnik

2. Um presente para os recém-casados

Os pais do noivo recebem a nora com pão e sal, Tcheliabinsk, 2006
Valéri Buchukhin / TASS

Na Rússia antiga, o ‘karavai’ não era apenas um símbolo de hospitalidade, mas também de valores familiares. Era oferecido aos recém-casados ​​pelos pais, abençoando a união. Acreditava-se que uma mulher feliz no casamento deveria assá-lo, pois isso garantiria uma nova união forte.

3. Ele determina o líder do casal

Os recém-casados ​​Irina e Piotr Ivanov vistos após a cerimônia de casamento em Moscou, 2025
Valéria Kalúguina / TASS

Dizem que para entender o caráter de uma pessoa, é preciso observar como ela come. Da mesma forma, em um casamento russo, existe a tradição de determinar quem será o chefe da família. Os recém-casados ​​devem quebrar um pedaço do ‘karavai’ e comê-lo (“alimentar um ao outro”). Quem quebrar o pedaço maior, será o ‘líder’.

4. As decorações têm significados

Vitáli Timkiv / Sputnik

O pão ‘karavai’ costuma ser assado para ocasiões especiais e, antigamente, cada detalhe de sua decoração tinha um significado. Por exemplo, as espigas de milho simbolizavam prosperidade, as pinhas indicavam fertilidade, as pombas e os cisnes eram símbolos de fidelidade, e as flores simbolizavam feminilidade.

Hoje em dia, o “pão do tsar” é decorado simplesmente para incrementar sua beleza.

5. O ‘karavai’ tem seu próprio traje

Ramil Sitdikov / Sputnik

Um ‘karavai’ pronto nunca era colocado diretamente sobre a mesa vazia, somente sobre um ‘ruchnik’ (‘toalha’) especial. Na Rússia antiga, acreditava-se que a toalha cerimonial deveria ser bordada com símbolos de proteção para afastar o mau-olhado. Antigamente, a noiva bordava ela mesma todas as toalhas (inclusive, como presentes para os convidados). Atualmente, é mais comum comprar as toalhas já bordadas em lojas.

6. Jamais deve ser cortado com uma faca

The Berendeyevka Festival in Kostroma 1975.
Serguêi Metélitsa / TASS

Um ‘karavai’ recém-saído do forno deveria ser partido com as mãos. Acreditava-se que a pessoa que assava o pão havia dado ao alimento parte de sua força vital e que uma faca poderia prejudicá-la pessoalmente ou afetar negativamente seus descendentes.

7. Derrubar o ‘karavai’ é um mau presságio

Aleksêi Fillipov / Sputnik

Os russos sempre trataram o pão com grande respeito, pois a vida dos camponeses dependia da colheita de grãos. Portanto, o pão era bastante valorizado e nunca jogado fora.

Deixar cair um ‘karavai’ no chão era considerado um presságio de uma grande briga. Mas os ancestrais nunca desistiam: o ‘karavai’ caído tinha que ser imediatamente recolhido do chão, seguido por um pedido de desculpas.

8. Revelava o status do dono

Annaobraz/Dreamstime.com

Entre todos os tipos de pão, o ‘karavai’ pode ser considerado, com razão, o ‘tsar’. Não é somente um pão ritualístico, mas também um indicador de status social. Luxuoso, alto e ricamente decorado, o ‘karavai’ demonstrava a riqueza da família e a habilidade da anfitriã. Um pão simples e mal fermentado, por outro lado, poderia se tornar motivo de fofoca. O ato em si de sovar a massa era acompanhado por canções e magias especiais para garantir boa sorte.

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