Quais criaturas mágicas ajudam os heróis dos contos de fadas russos?

Em primeiro lugar, esses ajudantes são sempre “de outro mundo” – ou seja, na maioria das vezes, o protagonista masculino ou feminino os encontra quando já cruzaram a fronteira entre os mundos e estão no chamado “reino muito distante” – no território da magia e da feitiçaria.

Se o herói ou heroína não foi a lugar nenhum, ficou em casa, mas um grande infortúnio lhe ocorreu (por exemplo, sua mãe faleceu), então, o ajudante mágico pode aparecer no reino das pessoas. Ainda assim, o personagem continuará sendo especial, ou de alguma forma diferente de sua própria espécie. Por exemplo, se for um cavalo, deve ser pequeno e com uma corcova; se for uma boneca, uma vaca ou uma macieira, então, provavelmente será de um tipo falante.

Ilustração de Nikolai Bogatov para o conto “O Pequeno Cavalo Corcunda”

A segunda “regra” é que, aparentemente, eles ajudam o herói por mera bondade — e sempre retribuem: por exemplo, a heroína tirou as tortas do forno, então, o forno a esconde dos cisnes-gansos de Baba Iagá. Em outro cenário, a heroína pode sacudir as maçãs maduras da macieira, e a macieira a cobre com seus galhos como uma forma de proteção. Ou, por exemplo, o herói poupa os filhotes do corvo, então, o corvo traz ao herói ‘água viva e morta’ como sinal de gratidão. Ou, se um lobo-cinzento comer o cavalo do protagonista, ele se tornará seu cavalo e sua mãe por um tempo.

Ilustração de Franz Teichel para o conto de fadas “Os Cisnes-Gansos”

Em terceiro lugar, ajudantes mágicos – sejam eles animais, pássaros, répteis ou objetos – nunca têm personalidade e destino próprios. Seu único propósito é ajudar o herói a lidar com uma provação. Geralmente, nunca é dito o que acontece com essas criaturas posteriormente. Além disso, todos os seus méritos são automaticamente creditados ao personagem principal. Nesse sentido, até mesmo Ivan, o Louco, acaba se revelando dual – um grande, porém atrevido, sujeito.

Ilustração de Víktor Vasnetsov. “Ivan Tsarevitch Montado no Lobo Cinza”, 1889

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