Como o autorretrato de Ivan Aivazôvski foi parar na Galleria degli Uffizi, em Florença?
Primeiro é importante saber que Ivan Aivazôvski passou quatro anos na Itália — os locais ficaram encantados com suas obras, e até o papa Gregório 16 estava entre os compradores.
Depois de se formar pela Academia de Artes de São Petersburgo, em 1840, Ivan Aivazôvski, de 23 anos, fez uma viagem para a Itália. O principal marinista russo estudou as vistas de Veneza e viajou para a Florença, Nápoles, Sorrento e Roma.
Naufrágio, 1843
Durante esse período, Aivazôvski não apenas criou dezenas de novas obras, mas também participou de exposições, em que o público ficava encantado com suas paisagens marítimas. Inúmeras pessoas queriam comprar obras do pintor russo; entre elas, o papa Gregório 16, que queria adquirir a pintura “Caos” para a Galeria do Vaticano. Aivazôvski recusou o dinheiro, mas aceitou uma medalha de ouro das mãos do pontífice. O escritor russo Nikolai Gógol, que conheceu Aivazôvski na Itália, escreveu para ele: “Glória a ti, Vânia [diminutivo de Ivan]! Você, um homenzinho, veio das margens do [rio] Neva para Roma e imediatamente criou Caos no Vaticano!”.
Caos, 1841
Durante os quatro anos na Itália, Aivazôvski pintou cerca de 80 quadros.
Ao lado de Rafael e Rembrandt
Em 1873, aconteceu uma exposição de Aivazôvski em Florença e, pouco tempo depois, o artista recebeu uma oferta para pintar um autorretrato para a Galeria degli Uffizi.
Desde os tempos antigos, o museu italiano conta com um acervo de autorretratos de artistas, uma tradição iniciada pelo cardeal Leopoldo Médici, que comprou o acervo da Academia Romana de São Lucas.
Autorretrato, 1874
Mais tarde, em sinal de reconhecimento de méritos, a galeria começou a encomendar autorretratos de artistas proeminentes. Como resultado, hoje, a Galeria degli Uffizi possui uma das maiores coleções de autorretratos do mundo, incluindo os de Rubens, Rembrandt, Velázquez, Ticiano e Rafael.
Ivan Aivazôvski se tornou o terceiro russo a receber o pedido de criar um autorretrato para a galeria, após Orest Kiprénski e Karl Briullov. Aivazôvski se retratou diante de um céu tempestuoso.
Orest Kiprénski, 1820
Mais tarde, a galeria também recebeu autorretratos dos outros pintores russos: Boris Kustodiev, Marc Chagall e Viktor Ivanov.
Autorretrato de Kustodiev, 1912
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