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5 contos de fadas eslavos aterrorizantes que você jamais deve contar aos seus filhos

Conheça alguns dos personagens mais sinistros dos mitos e lendas da Rússia Antiga.

1. Os Mortos-Vivos e a bruxa Bába Iagá

A vilã mais famosa dos contos de fadas da mitologia eslava é Bába Iagá. Os pais ainda hoje assustam seus filhos desobedientes com esta velha bruxa malvada, que leva as crianças para sua cabana para cozinhar e comê-las.

Bába Iagá, obra de Víktor Vasnetsov, 1917.
Domínio público

Originalmente, Bába Iagá transportava pessoas do mundo dos mortos para o dos vivos. A personagem está associada ao patrimônio mais ancestral, como se pode concluir ao considerar uma de suas características mais peculiares: uma pequena cabana sobre pernas de galinha. Mas de onde veio isso? Quando os antigos eslavos enterravam os mortos, eles os colocavam em pequenas casas sobre tocos de árvore altos, que lembravam pernas de galinha. Portanto, pode-se dizer que Bába Iagá vivia na casa dos mortos. Como guardiã dessa herança ancestral, ela podia conduzir rituais para iniciar crianças e transformá-las em guerreiros. Este ritual exigia testes físicos pesados ​​e castigos corporais, por isso, antigamente, tanto as crianças quanto suas mães tinham medo dela. Entretanto, era somente depois desse ritual que os meninos se tornavam homens.

Nos contos de fadas eslavos, jovens encontravam Bába Iagá quando procuravam suas noivas sequestradas. Se eles escapassem da morte e passassem por todos os testes impostos pela feiticeira, ela lhes dava conselhos sábios sobre como reconquistar suas mulheres.

Bába Iagá ganhou o aspecto de bruxa e ogra com o advento do cristianismo, que buscava eliminar a imagem positiva da antiga padroeira do nascimento da consciência dos eslavos.

2. Koschei, o Imortal, o sequestrador de noivas

As mães costumam dizer aos filhos que não se alimentam bem: “Olha só você! É a cara do Koschei!”. O nome desse antagonista provavelmente deriva da palavra russa para osso, ‘kost’. Afinal, ele parece um esqueleto envolto em pele transparente. Koschei, o Imortal, é outro personagem de contos de fadas eslavo que reside no limbo entre o mundo dos vivos e o dos mortos. É daí que ele obtém sua força mágica ilimitada e imortalidade. Koschei aparece frequentemente nos contos na forma de um terrível tsar feiticeiro e de riqueza infinita, que sequestra garotas para torná-las suas esposas.

Koschei, o Imortal, de Víktor Vasnetsov.
Museu de Víktor Vasnetsov

Em um dos seus contos, ele transforma um reino inteiro em uma rocha; em outro, ele pune a tsarina Vassilissa, transformando-a em um sapo. Koschei também é difícil de derrotar: para matá-lo é preciso encontrar sua alma, que está separada de corpo e escondida “dentro de um ovo dentro de um pato, que por sua vez está dentro de uma lebre que está protegida dentro de um baú de ferro que está enterrado sob um carvalho na mítica ilha de Buián”. Além disso, de acordo com os contos mais antigos, ele também é cego e, para ver os inimigos, ele pede a seus servos que levantem as pálpebras.

Os antigos eslavos associavam a imagem desse vilão ao ritual de iniciação conjugal. Portanto, uma jovem só poderia se casar depois que Koschei, o Imortal, a sequestrasse e o noivo derrotasse o malfeitor.

3. Boguinka, um espírito feminino maligno

Boguinka.
Tatiana Khudina

A alma de uma mulher que matasse seu filho ou morresse na infância se transformaria em uma boguinka. Os eslavos imaginavam boguinka como uma bruxa feia e nua que caminhava mancando pelas florestas, campos e ravinas em dias de mau tempo ou à meia-noite. Boguinka era muito perigosa para as crianças: dependendo do seu humor, ela podia impedi-las de dormir, deixá-las doentes, assustá-las ou até mesmo sequestrá-las. Algumas boguinkas também poderiam assustar o gado, roubar e emaranhar teares ou até mesmo bater em transeuntes.

4. Sereias e Vodianoi, assassinos aquáticos

A ninfa das águas russa (russalka) não é a trapaceira de cauda descrita nos contos de fadas de Anderson, mas guarda semelhanças com a Iara do folclore brasileiro. Na mitologia eslava, russalka afoga pessoas e, às vezes, é retratada como uma menina que morre solteira. À noite, essas sereias se escondem nos arbustos perto do rio ou na margem do lago, esperando por alguém que passe. Se o infeliz chegar muito perto da água, ela o puxará para o fundo.

Vodianoi, obra de Iván Bilibin.
Domínio público

E onde há sereias, há também o seu mestre, Vodianoi, o espírito dos lagos, rios e pântanos. Acreditava-se que Vodianoi era capaz de ascender ao céu e criar novos corpos d’água, além de ter prazer em afogar pessoas, sobretudo jovens que fossem nadar nos lagos após o pôr do sol. Ele escolhia suas esposas entre as mais belas mulheres afogadas.

5. Kikímora, a destruidora de lares

Existem várias kikímoras — das florestas, dos pântanos ou dos campos. Mas, acima de tudo, elas gostam de viver em lares humanos, onde podem criar todo tipo de problemas. É um espírito maligno que geralmente permanece invisível. Se a kikímora se instala na casa, ela causa pesadelos, quebra móveis e pratos e enlouquece os animais de estimação.

Kikímora, obra de Iván Bilibin.
Domínio público

O passatempo favorito da kikímora é fiar. Porém, assim que começa a fazê-lo, tudo começa a dar errado. Ela puxa o fio e embaraça a lã. Às vezes, kikímoras aparecem diante das pessoas e isso é um presságio de que algo ruim irá acontecer: algum tipo de infortúnio lhe espera em casa ou um membro da família morrerá em breve. De acordo com as lendas mais antigas, kikímoras são espíritos de crianças que morreram de morte não natural. Um feiticeiro pode tomar posse desse espírito, colocá-lo em uma boneca ritualística e deixá-la nas casas de pessoas inocentes. Mas é possível se proteger das kikímoras com ramos de zimbro e artemísia.

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