
10 quadros de Iliá Répin que todos deveriam conhecer
Rebocadores do Volga (1870-73)

Esta foi a primeira pintura que trouxe grande sucesso a Iliá Répin (1844-1930). A ideia para o quadro surgiu quando ele era estudante na Academia de Artes de São Petersburgo. Enquanto caminhava ao longo do rio Neva, ele se impressionou com a visão de barqueiros exaustos carregando uma carga pesada enquanto moradores despreocupados passavam.
O próprio Répin não vinha de uma família rica. Ele nasceu na cidade de Tchuguiev, era filho de militar, e simpatizava com a situação dos pobres. O tema da pintura contrastava fortemente com as tradições artísticas acadêmicas, nas quais temas “magníficos” da mitologia e da história eram priorizados. Em vez disso, Répin escolheu "a verdade da vida" como tema principal e buscava incluir comentários sociais em suas obras. “Rebocadores do Volga” se tornou uma metáfora para a dura realidade que caracteriza a vida de muitas pessoas. A obra ganhou a medalha de bronze na Exposição Internacional de Viena de 1873 e foi comprada pelo grão-duque Vladimir Aleksandrovitch por 3.000 rublos.
Sadko no Reino Subaquático (1876)

Após se formar na Academia de Artes, Répin embarcou em extensas viagens pelo exterior. Em 1873, partiu para a Itália e passou a morar em Roma. Também viveu três anos na França, estudando os movimentos artísticos da época. E, embora não tenha abraçado o Impressionismo, estudou cuidadosamente o novo estilo.
Distante da terra natal, meditou sobre os traços do caráter nacional russo e pintou Sadko, que expressa claramente a rejeição do herói de contos de fadas russo às belezas “estrangeiras”. Ainda que o próprio Répin tenha considerado a obra um fracasso, a pintura demonstra como suas visões sobre a arte e a vida estavam tomando forma.
Procissão religiosa na Província de Kursk (1883)

Nesta obra, Répin critica mais uma vez a desigualdade social. A pintura impressiona o espectador com sua grande variedade de personagens — de mais de 70 figuras emerge um retrato coeso da vida do povo.
“Procissão religiosa” teve uma recepção mista entre os contemporâneos de Répin. Alguns acreditavam que a pintura finalmente consolidara sua reputação como o principal artista russo, enquanto outros a viam como uma interpretação tendenciosa da vida russa.
Ivan, o Terrível, e seu filho Ivan, 16 de novembro de 1581 (1883-85)

Acredita-se que Répin pretendia que esta pintura fosse um paralelo aos trágicos eventos de 1881 — a execução de membros da organização revolucionária Narodnaia Volia (Vontade do Povo). Como ele não podia retratar os acontecimentos reais na época, Répin usou um paralelo histórico — o assassinato do tsar Alexandre 2º — para representar o que estava acontecendo no presente.
No entanto, a pintura provocou a ira de Alexandre 3º, que emitiu ordens pessoais proibindo sua exibição. A tela foi vandalizada duas vezes. Primeiro em 1913, quando o pintor de ícones Abram Balachov atacou a pintura três vezes com uma faca, cortando o rosto do tsar. Depois, novamente em 2018, quando um vândalo atingiu a tela com uma vara de metal, danificando a imagem do tsarevitch em três pontos. A pintura está atualmente em restauração.
Retrato do compositor Modest Musorgsky (1881)

Esta obra se destaca como um dos ápices da maestria de Répin como retratista. A pintura, de forte carga psicológica, foi criada em um momento trágico da vida do compositor, quando ele estava gravemente doente em um hospital militar. Répin terminou o retrato em apenas quatro dias, ainda na enfermaria do hospital, percebendo que seu velho amigo estava “à beira da eternidade”.
Retrato de Pável Tretiakov (1883)

Este é um dos dois retratos do famoso colecionador e fundador da Galeria Tretiakov pintados em vida. Quando Tretiakov doou a galeria à cidade de Moscou, sua coleção particular continha 1.276 pinturas, 471 desenhos e 10 esculturas, além de 84 obras de artistas estrangeiros. O famoso colecionador não gostava de posar e só concordou por respeito a Répin.
Tretiakov é retratado aqui tendo como pano de fundo pinturas em sua galeria, incluindo ‘Acima da Paz Eterna’, de Isaac Levitan, e ‘Três Bogatyrs’, de Viktor Vasnetsov. No ano em que o retrato foi pintado, Tretiakov estava no auge de sua atividade, e sua coleção estava se tornando conhecida em Moscou e em toda a Rússia. Ele foi um dos principais colecionadores de obras de Répin e outros ‘Itinerantes’, um grupo de artistas realistas que defendiam a crítica social.
Cossacos escrevem carta ao Sultão turco (1880-91)

Os cossacos de Zaporíjia, cuja pintura levou mais de dez anos para ser concluída, destacam-se como uma expressão da vitalidade humana e do espírito livre do homem. Répin escreveu sobre os personagens: “Um povo santo! Ninguém no mundo apreciou tão profundamente a liberdade, a igualdade e a fraternidade”.
A pintura é inspirada na história de quando, em 1675, o sultão Maomé 4º deu um ultimato aos cossacos de Zaporíjia e exigiu que se submetessem ao seu governo. Em resposta, os cossacos enviaram a Maomé 4º uma carta mordaz, rejeitando as suas exigências: “Ó sultão, demônio turco e chegados do demônio maldito, secretário do próprio Lúcifer!”
Eles não esperavam a visita, ou Eles não esperavam sua volta (1883-1888)

“Eles não esperavam a visita” faz parte de um ciclo de Répin dedicado ao destino dos primeiros revolucionários populistas, os narodniks, na Rússia. Nas décadas de 1870 e 1880, esse movimento revolucionário ganhou popularidade e foi brutalmente reprimido. Como tantos outros, Répin idealizou os jovens opositores e traçou paralelos entre os destinos dos populistas e Jesus Cristo.
Em termos de composição, os personagens desta obra se assemelham a figuras das histórias “A Ressurreição de Lázaro” e “Cristo em Emaús”. O retorno do revolucionário condenado — provavelmente do trabalho forçado em uma colônia penal — era equivalente à volta do mundo dos mortos.
A sessão solene do Conselho de Estado em 7 de maio de 1901 (1901-1904)

Esta obra, encomendada pelo governo, foi pintada por Répin para o centenário do Conselho de Estado. A gigantesca tela mede 400 x 877 cm, mas foi concluída em apenas três anos. Os estudos para ela, executados com liberdade impressionista e em alguns pontos em um estilo quase abstrato, são sem dúvida ainda mais significativos do que a própria pintura finalizada. Membros do conselho posaram pessoalmente para o artista — no total, 48 esboços de retratos foram feitos para a pintura. Antes de 1917, a tela foi exibida no Palácio Mariinsky, e alguns dos estudos foram adquiridos pelo Museu de Alexandre 3º. O artista doou os 10.000 rublos que recebeu do museu para a Marinha.
Autorretrato com Natalia Nordman-Severova (1903)

Em 1899, Répin comprou um terreno no assentamento finlandês de Kuokkala e chamou a propriedade de Penates. Foi lá que ele passou seus últimos anos, juntamente com sua segunda esposa, Natália Borisovna Nordman. Após a Revolução de 1917, houve repetidas tentativas de persuadir Répin a retornar à Rússia Soviética. No entanto, ele nunca aceitou as novas autoridades e permaneceu até o fim de sua vida em Kuokkala, onde faleceu em 1930, aos 96 anos.
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