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A colheita nas obras de pintores russos

Grigóri Miasoiédov. "Tempo de Colheita (Ceifadores)", 1887
Museu Russo
Os eslavos colhiam grãos em agosto, em meio a diversos rituais criados para honrar as dádivas da natureza, afastar espíritos malignos e garantir uma boa safra no ano seguinte. Muitas dessas tradições sobreviveram até o início do século 20. Não por acaso, artistas russos retrataram com frequência e prazer camponeses nesse período importante do ano.

Geralmente, os eslavos costumavam colher o centeio, o trigo e a cevada com uma foice, enquanto o trigo-sarraceno, a aveia e a ervilha eram colhidos com gadanha.

Aleksêi Venetsianov, "Na Colheita. Verão", meados da década de 1820.
Galeria Tretiakov
Aleksêi Venetsianov, "Ceifadores", final da década de 1820.
Museu Russo

Antes do início da colheita, era comum realizar uma procissão religiosa até o campo, que o padre depois abençoava com água benta.

Ivan Chíchkin, "Meio-Dia. Nos arredores de Moscou", 1869.
Galeria Tretiakov

O corte do primeiro feixe de espigas de milho chamava-se ‘zajínki’. Nessa ocasião, os ceifadores seguiam para o campo ainda antes do amanhecer. Um papel de destaque cabia à escolha da ‘zajínshchitsa’, ou seja, uma mulher de boa saúde e de “mão leve” que iria cortar as primeiras espigas com a foice, amarrá-las em um feixe e levá-las para serem abençoadas na igreja. Essas espigas eram guardadas até o ano seguinte como talismã do lar e da futura colheita. Os seus grãos também podiam ser misturados às sementes do plantio seguinte.

Konstantin Makôvski, "Ceifadora", 1871.
Museu Russo
Konstantin Makôvski, "Almoço camponês no campo", 1871.
Museu de Arte de Taganrog
Konstantin Makôvski, "Moça com feixe de trigo" 1880.
Domínio público

Durante o trabalhos, os russos costumavam cantar canções de colheita. O tema da fertilidade era central. Por exemplo, era proibido juntar em um mesmo feixe as espigas cortadas por outra ceifadora, para não “privá-la de filhos no futuro”.

Grigóri Miasoiédov, "Tempo de Colheita (Ceifadores)", 1887.
Museu Russo

Os últimos grãos não colhidos eram amarrados com uma fita e deixados no campo. Recebiam o nome de “borodá” (“barba”, em português). O ritual de “trançar a barba” consistia em entrelaçar as espigas em uma trança, curvá-las ao solo com uma reverência e entoar cantos para garantir fartura na próxima safra.

Zinaida Serebriakova, "Colheita", 1910.
Domínio público

O fim da colheita era chamado “dojínki”. O último dia era celebrado de forma especialmente solene: preparava-se uma mesa festiva com pão feito da nova farinha, mel e cerveja.

Boris Kustódiev, "Colheita", 1914.
Galeria de Arte Estatal de Astracã

O último feixe também tinha papel fundamental. Era decorado com fitas, levado ao vilarejo sob cantos e colocado debaixo dos ícones religiosos. Em algumas regiões, no entanto, esse feixe era dado ao gado como remédio e alimento sagrado.

Kazimir Malêvitch, "Ceifadora", 1912.
Galeria de Arte Estatal de Astracã
Kazimir Malêvitch, "Ceifadores", 1929.
Museu Russo

Após o fim do período da colheita, os jovens organizavam festas, jogos e danças. Os camponeses, porém, já se preparavam para os trabalhos do outono.

Arkádi Plastov, "Colheita", 1945.
Galeria Tretyakov

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