A colheita nas obras de pintores russos
Geralmente, os eslavos costumavam colher o centeio, o trigo e a cevada com uma foice, enquanto o trigo-sarraceno, a aveia e a ervilha eram colhidos com gadanha.
Antes do início da colheita, era comum realizar uma procissão religiosa até o campo, que o padre depois abençoava com água benta.
O corte do primeiro feixe de espigas de milho chamava-se ‘zajínki’. Nessa ocasião, os ceifadores seguiam para o campo ainda antes do amanhecer. Um papel de destaque cabia à escolha da ‘zajínshchitsa’, ou seja, uma mulher de boa saúde e de “mão leve” que iria cortar as primeiras espigas com a foice, amarrá-las em um feixe e levá-las para serem abençoadas na igreja. Essas espigas eram guardadas até o ano seguinte como talismã do lar e da futura colheita. Os seus grãos também podiam ser misturados às sementes do plantio seguinte.
Durante o trabalhos, os russos costumavam cantar canções de colheita. O tema da fertilidade era central. Por exemplo, era proibido juntar em um mesmo feixe as espigas cortadas por outra ceifadora, para não “privá-la de filhos no futuro”.
Os últimos grãos não colhidos eram amarrados com uma fita e deixados no campo. Recebiam o nome de “borodá” (“barba”, em português). O ritual de “trançar a barba” consistia em entrelaçar as espigas em uma trança, curvá-las ao solo com uma reverência e entoar cantos para garantir fartura na próxima safra.
O fim da colheita era chamado “dojínki”. O último dia era celebrado de forma especialmente solene: preparava-se uma mesa festiva com pão feito da nova farinha, mel e cerveja.
O último feixe também tinha papel fundamental. Era decorado com fitas, levado ao vilarejo sob cantos e colocado debaixo dos ícones religiosos. Em algumas regiões, no entanto, esse feixe era dado ao gado como remédio e alimento sagrado.
Após o fim do período da colheita, os jovens organizavam festas, jogos e danças. Os camponeses, porém, já se preparavam para os trabalhos do outono.
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