Como abacaxis eram cultivados na Rússia do século 18?

Sputnik Iliá Máchkov, “Abacaxis e Bananas”, Galeria Estatal Tretiakov
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Pedro, o Grande, introduziu o abacaxi em meados do século 18. Ter um na mesa era sinal de status, uma demonstração de riqueza e estilo. Mas onde encontrá-lo em um país tão frio e vasto?

Transportar abacaxis da América do Sul para a mesa real era uma tarefa longa e difícil: a maioria estragava no caminho. A única maneira de obter frutas frescas era cultivando-as localmente.

O espaço principal era a estufa, construída de vidro e tijolo — e muitas vezes com uma parede sólida no lado norte para melhor proteção contra o frio. De todo modo, eram estruturas permanentes aquecidas 24 horas por dia por fogões.

A maioria dos abacaxis não eram cultivados no solo, mas em grandes vasos portáteis. Isso permitia que as plantas fossem levadas para fora no verão e mantidas aquecidas no inverno. Mas alguns também eram plantados em solo especialmente preparado – uma mistura de húmus, folhas caídas e areia.

Olaf Kruger / Getty Images
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O cultivo nunca atingiu escala industrial, mas os resultados dos esforços dos jardineiros foram surpreendentes. Abacaxis eram cultivados para a mesa real nas estufas de Tsárskoie Selô, Gátchina e Peterhof. A propriedade Cheremetiev em Kuskovo era famosa por suas enormes estufas, onde centenas de abacaxis também amadureciam entre limões, pêssegos e uvas. Eles também eram cultivados em Arkhangelskoie, Iussúpov e outras propriedades da nobreza.

Serguêi Kompanitchenko / Sputnik Estufa do Jardim Botânico de São Petersburgo
Serguêi Kompanitchenko / Sputnik

Nem é preciso dizer que, naquela época, cultivar abacaxis em uma propriedade era uma tarefa complexa e cara. Exigia uma equipe de jardineiros competentes (estrangeiros tinham que treinar russos), fornecimento constante de lenha para aquecimento e uma manutenção complexa. Um abacaxi maduro, por sua vez, custava uma pequena fortuna – aproximadamente o mesmo que uma vaca adulta. Servir aos convidados um abacaxi cultivado em sua própria estufa era a expressão de hospitalidade máxima e uma demonstração de riqueza.

Domínio público “Vista da Orangerie no Jardim da Vila de Kuskova, Pertencente a Sua Excelência o Conde Piotr Cheremetiev. Apresentada ao Meio-dia.” Gravura feita por P. Laurent
Domínio público

No final do século 19, porém, a era dos abacaxis “russos” havia chegado ao fim. E há duas razões para isso.

A primeira foi o desenvolvimento das viagens de barco a vapor. Tornou-se mais barato e fácil transportar abacaxis de países tropicais do que gastar enormes quantias de dinheiro cultivando-os em estufas. A segunda, a abolição da servidão privou os proprietários de terras da mão de obra livre, o que, por sua vez, levou ao declínio da cultura das propriedades.

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