O que significa a expressão ‘lavar os ossos de alguém’?
Essa expressão surgiu em meados do século 19. Escritores russos a utilizavam com frequência para descrever alguém fofocando pelas costas de um personagem.
Por exemplo, o protagonista do conto “Das Notas de um Homem Zangado”, de Tchékhov, vira testemunha involuntária de uma cena desagradável: “Depois de uma longa conversa sobre amor, uma das moças se levanta e sai. As moças restantes começam a falar mal da que saiu. Todas a acham estúpida, insuportável, feia e com a escápula fora do lugar”.
A tradição de literalmente lavar ossos tem mesmo origens pagãs. Na antiguidade, acreditava-se que um pecador falecido poderia retornar à humanidade como um fantasma ou vampiro. Para evitar isso, seus restos mortais eram desenterrados e os ossos, lavados com água. Essa tradição foi parcialmente preservada entre alguns povos, incluindo os eslavos. Por exemplo, no século 19, o historiador eclesiástico Evguêni Golubínski descreveu uma tradição parecida na Igreja Ortodoxa Grega: os ossos eram retirados da sepultura, lavados e, após uma oração fúnebre, transferidos para um jazigo especial – um ‘kimitherion’ (literalmente, ‘câmara de repouso’).
Com o tempo, a expressão “lavar os ossos” passou a ser usada para descrever uma conversa sobre as qualidades e ações de alguém – nem sempre de forma positiva. Referia-se basicamente à troca de fofocas sobre alguém pelas costas.
Em suma, é a mesma ideia de “falar mal pelas costas de alguém”.
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