GW2RU
GW2RU

William, da República Centro-Africana: “A língua russa já corre nas minhas veias”

Arquivo pessoal
William Bathy é um estudante de apenas 22 anos do segundo ano do departamento de filologia do Instituto Púchkin em Moscou. Mas ele já dá aulas de russo on-line e sonha em lançar as bases para o estudo da língua em seu país.

Por que russo?

“Parece um presente divino”, afirma William. A língua russa surgiu em sua vida ao acaso: quando estudante universitário do terceiro ano em sua cidade natal, Bangui, capital da República Centro-Africana, William passava as noites assistindo a programas de TV.

“Certo dia, me deparei com um programa de TV russo chamado ‘Khrustalny’, do qual ainda me lembro do título. Eu não entendia a língua, mas o enredo me cativou e continuei assistindo. Esse foi o meu primeiro contato com a língua de Púchkin”, acrescenta o agora professor. 

Arquivo pessoal

A internet logo abriu novos conteúdos em russo para William e, assim que terminou de assistir ao drama policial, ele começou a ver a um filme de animação russo.

“Meus irmãos me perguntaram por que eu estava assistindo a algo que eu nem conseguia entender. Mas fiquei tão impressionado que decidi descobrir essa nova cultura.”

William ficou particularmente interessado no alfabeto russo. Sua diferença em relação ao familiar alfabeto latino despertou o interesse do jovem filólogo, que decidiu começar a estudar russo por conta própria. “Com o tempo, a cultura e a história russas, bem como a riqueza da literatura russa, me fascinaram cada vez mais”, diz.

Como um estudante africano foi parar em Moscou

“Pouco antes da minha formatura, comecei a considerar a ideia de me matricular em um programa de mestrado na Rússia, o que só aumentou meu entusiasmo. Cheguei a compartilhar meus planos com minha família, mas minha mãe era totalmente contra. Ela não estava pronta para deixar o filho de 20 anos se mudar para um país desconhecido”, lembra.

Arquivo pessoal

Certo dia, ao sair da aula, William viu um anúncio procurando candidatos para estudar na Rússia. Além de uma série de documentos, ele teve que passar por um teste sobre conhecimentos básicos da língua e da cultura russas. Apenas quatro candidatos foram selecionados, e William ficou em segundo lugar na lista.

As dificuldades encontradas

“Hoje em dia, a língua russa já corre em minhas veias e eu a falo fluentemente”, diz William, sorrindo. Depois de chegar à Rússia em uma manhã fria de outono, ele se formou com uma nota excelente no curso preparatório de russo. Na sequência, matriculou-se no departamento de filologia do Instituto Estatal Púchkin de Língua Russa, em Moscou. Virou finalista em um concurso de habilidades de ensino para estudantes russos e estrangeiros, e hoje ensina russo on-line gratuitamente para quase 120 alunos de diferentes nacionalidades, tanto na Rússia quanto no exterior.

Mas nem sempre foi assim tranquilo.

Instituto Estatal Púchkin de Língua Russa

Devido a circunstâncias, William chegou à Rússia após o início do curso e ficou decepcionado ao perceber que os outros alunos estavam muito à frente dele. Além disso, o alfabeto russo revelou-se muito mais complicado do que ele imaginava inicialmente. Por isso, teve que se esforçar e estudar em dobro para se equiparar aos demais.

Quando questionado sobre qual foi a parte mais difícil ao aprender o idioma, William dá uma resposta categórica, porém bastante esperada: casos e suas declinações.

Comunicando-se em russo e com os russos

William tem certeza de que, na sala de aula, domina-se apenas o conteúdo do programa, mas, para falar bem o idioma, é preciso praticá-lo e se inserir no ambiente de língua russa.

“Na MPGU [Universidade Estadual Pedagógica de Moscou], onde fiz o curso preparatório, eu era o único africano integrado ao ambiente russo. Falar russo era simplesmente necessário. Às vezes, cometia erros, mas meus amigos me consolavam dizendo que eu não deveria ter vergonha, porque eu estava apenas no início da minha jornada.”

Arquivo pessoal

Atualmente, William usa o russo com bravura tanto nos estudos quanto no dia a dia. Além disso, o russo se tornou sua língua franca para se comunicar com representantes de outras nações.

“Há estrangeiros estudando comigo no instituto: chineses, vietnamitas, congoleses e vários outros. Graças à comunicação com eles – em russo, é claro – aprendi bastante sobre a cultura deles”, destaca.

Qual é o objetivo de aprender russo?

William se diz fascinado pela cultura e literatura russas. O seu objetivo agora é ajudar os compatriotas, que, no futuro, decidam fazer essa viagem. Afinal, segundo ele, a República Centro-Africana atualmente não só carece de um departamento de língua russa, mas também escolas de idiomas — enquanto na vizinha República do Congo ou, por exemplo, no Mali, “isso não é um problema”.

“Dadas as boas relações com a Rússia, gostaria de estabelecer uma faculdade de língua russa na República Centro-Africana para que as pessoas possam concluir o primeiro nível do ensino em nosso país”, diz, acrescentando que gostaria de contribuir para promover a cultura russa na África, mas também abrir a cultura do povo africano à Rússia e à Europa.

Conselhos para quem quer aprender russo e estudar na Rússia

“Dominar um novo idioma nunca é fácil. É preciso resistir ao medo de errar, ser perseverante e, com certeza, tudo dará certo. A Rússia é um ótimo país anfitrião, com um dos melhores sistemas educacionais do mundo. Se você ousar dar esse passo, não vai se arrepender.”

Instituto Estatal Púchkin de Língua Russa

A “Janela para a Rússia” agradece ao Instituto Estatal Púchkin de Língua Russa pela ajuda na preparação dessa reportagem.

Para obter educação gratuita nas principais universidades russas, os estrangeiros podem preencher um questionário e enviar uma inscrição em education-in-russia.com.

Você pode estudar gratuitamente nos programas de Bacharelado, Mestrado e Doutorado do Instituto Púchkin. Saiba mais sobre como se inscrever em pushkin.institute.

Além disso, o Instituto Púchkin oferece programas adicionais para quem deseja aprender russo e para o desenvolvimento profissional de professores. Em particular, o instituto realiza anualmente uma Escola de Verão para cidadãos estrangeiros. Informações detalhadas estão disponíveis aqui.

Para tirar dúvidas sobre a seleção de candidatos em seu país, entre em contato com os escritórios de representação da Rossotrudnichestvo ou com as missões diplomáticas da Federação Russa.